Audiência pública reuniu especialistas para debater impacto de incentivos fiscais para agrotóxicos no agronegócio e no meio ambiente
STF analisa redução do ICMS para agrotóxicos
Foto: Rosinei Coutinho/STF

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Em uma audi­ên­cia públi­ca rea­li­za­da nes­ta ter­ça-fei­ra (5), o Supremo Tribunal Federal (STF) reu­niu espe­ci­a­lis­tas para dis­cu­tir as nor­mas do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que auto­ri­zam a redu­ção de até 60% na base de cál­cu­lo do ICMS para agro­tó­xi­cos. A audi­ên­cia ante­ce­de o jul­ga­men­to de uma ação apre­sen­ta­da pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que con­tes­ta a vali­da­de do Convênio 100/1997, argu­men­tan­do que o Brasil, ao con­trá­rio de outras nações, não impõe sobre­ta­xas aos defen­si­vos agrí­co­las.

Debate entre defensores e críticos

Representantes do setor agro­pe­cuá­rio e de movi­men­tos soci­ais diver­gi­ram sobre a rele­vân­cia e os impac­tos dos incen­ti­vos fis­cais aos defen­si­vos agrí­co­las. Em defe­sa do agro­ne­gó­cio, Raphael Barra, repre­sen­tan­te da Associação Brasileira de Defesa do Agronegócio, argu­men­tou que o uso de agro­tó­xi­cos é fun­da­men­tal para pro­te­ger as lavou­ras de pra­gas e doen­ças, o que evi­ta pre­juí­zos econô­mi­cos ao setor. Barra des­ta­cou que o Brasil ofe­re­ce menos incen­ti­vos fis­cais ao agro­ne­gó­cio em com­pa­ra­ção a paí­ses como Estados Unidos e China.

Produzir em gran­de esca­la é um desa­fio que requer pro­te­ção con­tra pra­gas para man­ter a pro­du­ção em níveis com­pe­ti­ti­vos”, afir­mou Barra.

Por outro lado, Ângelo Dellatorre, enge­nhei­ro-agrô­no­mo e repre­sen­tan­te do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), des­ta­cou que o aumen­to no uso de defen­si­vos tem impac­tos nega­ti­vos e propôs o incen­ti­vo à agri­cul­tu­ra sus­ten­tá­vel e à tran­si­ção para a pro­du­ção orgâ­ni­ca. Dellatorre enfa­ti­zou a impor­tân­cia de se dis­cu­tir prá­ti­cas agrí­co­las que pri­o­ri­zem a fun­ção soci­al da ter­ra e o bem-estar ambi­en­tal e econô­mi­co.

“Precisamos pro­mo­ver a sobe­ra­nia ali­men­tar e incen­ti­var prá­ti­cas agrí­co­las que res­pei­tem o meio ambi­en­te e a soci­e­da­de”, com­ple­tou Dellatorre.

STF analisa redução do ICMS para agrotóxicos
Foto: Hedeson Alves

Julgamento pendente no STF

O rela­tor da ação, minis­tro Edson Fachin, obser­vou que o caso será jul­ga­do após a con­clu­são de seu voto, mas a data da ses­são ain­da não foi defi­ni­da. O resul­ta­do pode­rá defi­nir o futu­ro dos incen­ti­vos fis­cais para agro­tó­xi­cos no Brasil, tema que segue divi­di­do entre defen­so­res do agro­ne­gó­cio e crí­ti­cos que aler­tam para os impac­tos ambi­en­tais e de saú­de.

Contexto da ação

O PSOL ques­ti­o­na a redu­ção do ICMS para agro­tó­xi­cos ale­gan­do que a medi­da deses­ti­mu­la prá­ti­cas agrí­co­las sus­ten­tá­veis e colo­ca o Brasil em des­com­pas­so com a ten­dên­cia glo­bal de tri­bu­tar defen­si­vos, espe­ci­al­men­te em um con­tex­to em que mui­tos paí­ses têm endu­re­ci­do a regu­la­men­ta­ção sobre pro­du­tos quí­mi­cos no cam­po.

Fonte: Agência Brasil

SOBRE O AUTOR

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Odirley Deotty

Odirley Deotti é jornalista, escritor, designer gráfico e chefe de redação do Guia MS Notícias.

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