Sentença reformada inclui perda de função pública e penas que somam mais de 15 anos de prisão para um dos acusados. Caso envolve esquema de corrupção em delegacias da fronteira
Justiça condena delegados por corrupção em Ponta Porã
Foto: GAECO

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O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) con­de­nou, no dia 7 de novem­bro de 2024, dois dele­ga­dos de Polícia Civil envol­vi­dos em um esque­ma de cor­rup­ção na cida­de de Ponta Porã, fron­tei­ra com o Paraguai. A deci­são, toma­da pela 3ª Câmara Criminal, aten­deu a um recur­so do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), rever­ten­do a sen­ten­ça de pri­mei­ro grau. Ambos os dele­ga­dos per­de­ram a fun­ção públi­ca, e as penas de reclu­são vari­am entre 8 anos e 15 anos.

As inves­ti­ga­ções, con­du­zi­das pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), reve­la­ram um esque­ma que trans­for­ma­va a mai­or dele­ga­cia da região em um ver­da­dei­ro “bal­cão de negó­ci­os”. Policiais cobra­vam pro­pi­nas para libe­rar veí­cu­los apre­en­di­dos e nego­ci­a­vam dro­gas que deve­ri­am estar sob cus­tó­dia.

Condenações detalhadas

Um dos dele­ga­dos, que já havia sido con­de­na­do a 4 anos de pri­são em mar­ço de 2023, ago­ra acu­mu­la uma pena total supe­ri­or a 15 anos. O outro dele­ga­do, antes absol­vi­do, foi con­de­na­do a 8 anos e 5 meses de pri­são. O regi­me ini­ci­al para ambos será o fecha­do.

Em tre­cho do acór­dão, os desem­bar­ga­do­res afir­ma­ram que as pro­vas, incluin­do que­bras de sigi­lo ban­cá­rio, inter­cep­ta­ções telefô­ni­cas e extra­ção de dados, com­pro­va­ram de for­ma incon­tes­te a prá­ti­ca de cri­mes. “Crimes des­se jaez aba­lam, sem som­bra de dúvi­das, a cre­di­bi­li­da­de que a soci­e­da­de depo­si­ta nos agen­tes poli­ci­ais e na ins­ti­tui­ção a que per­ten­cem”, des­ta­ca o docu­men­to.

Mais envolvidos no esquema

Além dos dele­ga­dos, seis poli­ci­ais civis e uma peri­ta foram con­de­na­dos. Cinco deles rece­be­ram penas de 8 anos, enquan­to um sex­to foi sen­ten­ci­a­do a 3 anos de pri­são. O gru­po foi acu­sa­do de cor­rup­ção majo­ra­da e orga­ni­za­ção cri­mi­no­sa, envol­ven­do a libe­ra­ção de veí­cu­los e a devo­lu­ção de dro­gas apre­en­di­das aos tra­fi­can­tes.

Dois civis bene­fi­ci­a­dos pelo esque­ma tam­bém foram con­de­na­dos por cor­rup­ção ati­va, com penas de 4 e 2 anos.

O início das investigações

A Operação Codicia foi defla­gra­da em maio de 2021, após denún­ci­as de con­cus­são na libe­ra­ção de uma car­re­ta apre­en­di­da. Durante 10 meses de inves­ti­ga­ção, o GAECO iden­ti­fi­cou uma asso­ci­a­ção cri­mi­no­sa que envol­via poli­ci­ais da ati­va e apo­sen­ta­dos, ope­ran­do a par­tir das dele­ga­ci­as de Ponta Porã.

O caso evi­den­ci­ou prá­ti­cas ilí­ci­tas como cobran­ças de pro­pi­na por Pix, mani­pu­la­ção de bens sob cus­tó­dia e trá­fi­co de dro­gas. Em uma das situ­a­ções mais gra­ves, dro­gas foram reti­ra­das do depó­si­to da dele­ga­cia por um escri­vão e reven­di­das.

Fonte: MPMS

SOBRE O AUTOR

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Odirley Deotty

Odirley Deotti é jornalista, escritor, designer gráfico e chefe de redação do Guia MS Notícias.

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