OPINIÃO

Uma análise histórica da participação democrática e suas transformações ao longo do tempo
Sufrágio e Voto: A Evolução dos Direitos Políticos no Brasil
Sufrágio e Voto: A Evolução dos Direitos Políticos no Brasil

Clique e ouça a matéria

A Constituição Federal do Brasil esta­be­le­ce um regi­me demo­crá­ti­co repre­sen­ta­ti­vo, onde o povo ele­ge seus repre­sen­tan­tes. Porém, a his­tó­ria do sufrá­gio e do voto no país reve­la um cami­nho reple­to de desa­fi­os e con­quis­tas. Desde o Império até a atu­a­li­da­de, os direi­tos polí­ti­cos dos cida­dãos bra­si­lei­ros pas­sa­ram por pro­fun­das trans­for­ma­ções que mol­da­ram a for­ma como a demo­cra­cia é vivi­da.

A História do Sufrágio no Brasil

O sufrá­gio, defi­ni­do como o poder reco­nhe­ci­do aos cida­dãos de par­ti­ci­par da sobe­ra­nia, e o voto, seu exer­cí­cio, são pila­res do pro­ces­so demo­crá­ti­co. Historicamente, o Brasil pas­sou por dife­ren­tes fases que influ­en­ci­a­ram a abran­gên­cia e as con­di­ções do voto. No perío­do impe­ri­al, por exem­plo, o sufrá­gio era res­tri­to a uma eli­te pri­vi­le­gi­a­da, com diver­sas limi­ta­ções econô­mi­cas e soci­ais.

Com a Proclamação da República, em 1889, as trans­for­ma­ções come­ça­ram a se inten­si­fi­car. A luta pela ampli­a­ção do sufrá­gio cul­mi­nou em con­quis­tas impor­tan­tes, como a exten­são do direi­to de voto às mulhe­res em 1932. Porém, mes­mo com essas vitó­ri­as, o sufrá­gio uni­ver­sal ain­da enfren­ta desa­fi­os, uma vez que o con­cei­to, na prá­ti­ca, nun­ca foi com­ple­ta­men­te livre de res­tri­ções.

Curiosidades sobre o Voto no Brasil

  • Voto Censitário: Antes de 1889, somen­te quem pos­suía pro­pri­e­da­des ou paga­va impos­tos tinha direi­to ao voto. Esse sis­te­ma foi gra­da­ti­va­men­te subs­ti­tuí­do por um mode­lo mais inclu­si­vo.
  • Voto Direto e Secreto: Em 1932, o Brasil ado­tou o voto dire­to e secre­to, uma con­quis­ta que garan­tiu mai­or segu­ran­ça e pri­va­ci­da­de aos elei­to­res.
  • Faixas Etárias: O voto é facul­ta­ti­vo para mai­o­res de 16 anos e para cida­dãos com mais de 70 anos, refle­tin­do um com­pro­mis­so com a inclu­são, mes­mo em fai­xas etá­ri­as que não são obri­ga­das a votar.

O Sufrágio Universal e suas Limitações

Atualmente, o Brasil ado­ta o sufrá­gio uni­ver­sal, onde todos os cida­dãos têm o direi­to de votar, inde­pen­den­te­men­te de sua ori­gem, con­di­ção econô­mi­ca ou nível edu­ca­ci­o­nal. Contudo, esse mode­lo ain­da enfren­ta desa­fi­os. Algumas res­tri­ções per­ma­ne­cem, como a obri­ga­to­ri­e­da­de do voto para cida­dãos entre 18 e 70 anos e a exclu­são de anal­fa­be­tos.

Além dis­so, o sufrá­gio pode ser clas­si­fi­ca­do em duas cate­go­ri­as: res­tri­to e uni­ver­sal. O sufrá­gio res­tri­to, que inclui for­mas como o cen­si­tá­rio e o capa­ci­tá­rio, ain­da ecoa em algu­mas prá­ti­cas de outros paí­ses, evi­den­ci­an­do que a luta por igual­da­de e aces­so aos direi­tos polí­ti­cos con­ti­nua em diver­sas par­tes do mun­do.

O Voto como Conquista Política

O voto no Brasil é mais do que um sim­ples ato; é um sím­bo­lo de con­quis­ta polí­ti­ca. Ao lon­go da his­tó­ria, cada avan­ço em dire­ção à demo­cra­ti­za­ção repre­sen­tou uma vitó­ria para a soci­e­da­de civil. José Afonso da Silva des­ta­ca que “cada homem vale um voto”, refor­çan­do a impor­tân­cia da igual­da­de no pro­ces­so elei­to­ral.

Conclui-se que o sufrá­gio é um direi­to públi­co sub­je­ti­vo que con­fe­re ao cida­dão o poder de esco­lha e a pos­si­bi­li­da­de de con­cor­rer a car­gos públi­cos. Embora o voto seja obri­ga­tó­rio para uma par­te sig­ni­fi­ca­ti­va da popu­la­ção, ele tam­bém repre­sen­ta uma con­quis­ta essen­ci­al da demo­cra­cia bra­si­lei­ra.

A his­tó­ria do sufrá­gio e do voto no Brasil é uma nar­ra­ti­va de luta e trans­for­ma­ção. Compreender essa tra­je­tó­ria é fun­da­men­tal para valo­ri­zar­mos os direi­tos polí­ti­cos con­quis­ta­dos e para con­ti­nu­ar­mos a avan­çar em dire­ção a uma demo­cra­cia mais inclu­si­va e repre­sen­ta­ti­va. Em um cená­rio glo­bal onde a par­ti­ci­pa­ção demo­crá­ti­ca é cons­tan­te­men­te desa­fi­a­da, o Brasil deve se lem­brar de sua his­tó­ria e con­ti­nu­ar a defen­der o voto como um direi­to ina­li­e­ná­vel de todos os cida­dãos.

SOBRE O AUTOR

Picture of Diógenes Ferracini Duarte

Diógenes Ferracini Duarte

Mestrando em Responsabilidade Civil pela Universidade de Girona, Pós-graduado em Direito de Família e Sucessões, Pós-graduado em Direito Processual Civil, Pós-Graduado em Tutoria EAD Online, Graduação em Tecnologia em Serviços Jurídicos pelo Centro Universitário da Grande Dourados. Jornalista. Assessor Técnico Especializado da Coordenadoria da Infância e da Juventude do TJMS.

"Os artigos assinados por editores convidados refletem as opiniões e visões pessoais dos autores e não necessariamente representam a posição editorial deste jornal. O conteúdo é de inteira responsabilidade dos respectivos colaboradores."

Que tal assinar nossa Newsletter e ficar por dentro das novidades?

LEIA