Mato Grosso do Sul possui 4,7 milhões de hectares de pastagens degradadas, abrangendo 38 mil imóveis rurais, que têm potencial para recuperação econômica. Os dados foram apresentados em uma reunião do comitê gestor do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), que contou com a presença da equipe da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
O PNCPD, criado pelo Governo Federal em dezembro de 2023, busca promover políticas públicas para transformar pastagens degradadas em sistemas produtivos sustentáveis, incentivando práticas agropecuárias que capturam carbono e aumentam a eficiência da produção. O objetivo é recuperar até 40 milhões de hectares em todo o país nos próximos dez anos.
Programa sustentável e expansão da produção
O secretário da Semadesc, Jaime Verruck, destacou a importância do PNCPD para o desenvolvimento sustentável: “O programa vai contribuir para a recuperação do meio ambiente, para a conservação dos solos e da água, além de aumentar a produtividade da pecuária”, afirmou Verruck. Segundo ele, a conversão das pastagens pode dobrar a área de produção agrícola do Brasil sem a necessidade de desmatamento, preservando áreas de vegetação nativa.
Atualmente, Mato Grosso do Sul possui 12 milhões de hectares de pastagens degradadas, sendo que 4,7 milhões podem ser recuperados para atividades como agricultura, pecuária, sistemas agroflorestais e silvicultura. Desde 1999, o Estado vem promovendo a recuperação de áreas degradadas, convertendo 4 milhões de hectares em sistemas agrícolas diversificados.
Metas de recuperação e estratégias de financiamento
O Plano Estadual tem como meta recuperar 1,167 milhão de hectares de pastagens degradadas entre 2020 e 2030, independente de ações do Governo Federal e de iniciativas de produtores locais, que contam com linhas de crédito específicas. Verruck ressaltou que a abordagem do programa federal visa identificar as melhores alternativas para recuperação, considerando aspectos técnicos como solo, déficit hídrico e aptidão agrícola. “Nossa meta é recuperar 4,7 milhões de hectares de pastagens que possuem graus médio e baixo de degradação”, explicou.
O levantamento feito pelo PNCPD aponta que, dos 4,7 milhões de hectares de pastagens aptas para recuperação, 600 mil poderiam ser destinados à soja, 3,7 milhões para intensificação da pecuária de corte, 1,3 milhão para pecuária leiteira, 1,6 milhão para silvicultura e 26 mil para sistemas agroflorestais (SAF). Há, ainda, potencial de conversão para agricultura familiar, com 217 mil hectares em assentamentos aptos a desenvolver sistemas agroflorestais.
Desafios de financiamento e busca por recursos
Uma das metas do PNCPD é incentivar o mercado financeiro a desenvolver soluções que viabilizem a sustentabilidade do programa. “Ainda existe um longo caminho para ampliar a oferta de financiamento. Hoje, as linhas de crédito para recuperação de pastagens são de curto prazo e insuficientes”, alertou Verruck. Ele destacou a necessidade de buscar recursos internacionais com taxas de juros competitivas e prazos mais longos para consolidar a estratégia de recuperação sem desmatamento.
“Precisamos de uma estratégia adequada para atrair linhas de financiamento com juros baixos. Essa é uma questão fundamental para o sucesso do projeto”, concluiu o secretário.
Fonte: Semadesc