Na semana passada, a Base de Estudos do Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), localizada no Passo do Lontra, em Miranda (MS), foi palco da Primeira Reunião de Apresentação e Planejamento do Plano de Manejo Integrado do Fogo (PMIF). O evento, parte do projeto Consolidação do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro (PEPRN), reuniu produtores rurais e moradores da região para discutir práticas de manejo sustentável do fogo e estratégias de prevenção contra incêndios florestais.
Com os extremos climáticos se tornando cada vez mais evidentes, especialmente no Pantanal, a reunião teve como objetivo apresentar propostas de manejo do fogo, visando mitigar os impactos das secas históricas e dos incêndios florestais. O encontro foi realizado em parceria com a Mupan – Mulheres em Ação no Pantanal, Wetlands International Brasil, e contou com a participação do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e do Instituto Terra Brasilis.
Durante a reunião, foram discutidos métodos ecológicos de uso do fogo, que incluem a queima prescrita, um processo que, segundo Geraldo Damasceno, coordenador do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD) da UFMS, pode resultar em benefícios como a diminuição da propagação de incêndios, melhora da produção agrícola e controle de pragas. “Queremos fazer o que chamamos de pirodiversidade, ou seja, usar o fogo a favor do ambiente e das espécies por meio de queimas prescritas e controladas”, explicou Damasceno.
O PMIF, que será implementado no PEPRN, inclui o mapeamento de áreas suscetíveis a incêndios e a criação de um cronograma para queimas prescritas. Genoir Mokwa, gerente da Fazenda São Bento e participante do encontro, destacou a importância dessas práticas no planejamento das ações de manejo. “Com os incêndios que afetam o Pantanal, quase três mil hectares da propriedade ficam comprometidos. Entender mais sobre a queima prescrita é uma esperança para quem sofre com o fogo desenfreado”, afirmou.
Áurea Garcia, diretora geral da Mupan, enfatizou a necessidade de parcerias para promover diálogos construtivos em meio à crise climática. “Nos anos de 2019 e 2020, as secas extremas maximizaram os incêndios. Buscamos potencializar ações para a prevenção, e com o PMIF, conseguimos traçar estratégias mais assertivas”, afirmou.
Leonardo Palma, Gerente de Unidades de Conservação do Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), ressaltou que o PEPRN será a primeira área protegida do estado a implementar o PMIF, que busca garantir os objetivos de conservação da unidade. “Este debate foi importante para apresentar como o Imasul deverá agir e para expor o Plano de Manejo Integrado de Fogo, que ajuda a organizar melhor o território”, esclareceu.
Além dos produtores rurais e moradores da região, o evento contou com a presença de representantes do Prevfogo/Ibama, Sindicato Rural de Corumbá, Aliança 5P, Corpo de Bombeiros, Exército, Polícia Militar Ambiental (PMA) e Marinha do Brasil.
Fonte: IMASUL