O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e a Prefeitura de Campo Grande foram intimados a reduzir as filas de espera por cirurgias plásticas reparadoras e oftalmológicas. As determinações, provenientes da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, atendem a pedidos do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), que identificou alta demanda reprimida nessas especialidades.
Os entes públicos têm seis meses para apresentar planos de ação com metas e cronogramas claros, sob pena de multa diária de R$ 10 mil e responsabilização dos gestores por improbidade administrativa e outros crimes. Cabe recurso às decisões.
Situação das filas
Relatórios obtidos pelo MPMS mostram que 2.295 pacientes aguardam por consultas em cirurgia plástica geral, com a solicitação mais antiga datando de novembro de 2017. No caso das consultas oftalmológicas, a fila chega a 11.750 pacientes, distribuídos entre diferentes especialidades:
- Catarata: 4.752 pacientes
- Retina geral: 2.222 pacientes
- Pterígio: 1.539 pacientes
- Plástica ocular: 1.075 pacientes
- Oftalmologia pediátrica: 977 pacientes
- Estrabismo: 786 pacientes
- Córnea: 220 pacientes
A solicitação mais antiga em oftalmologia é de 2016, evidenciando atrasos de até oito anos.
Desafios e investimentos
O MPMS apontou problemas como a falta de médicos especializados na rede pública. Em Campo Grande, cinco unidades de saúde cadastradas para cirurgia plástica não contam com profissionais da área, dependendo de contratos com a rede externa. Na oftalmologia, apenas sete médicos estão disponíveis para atender toda a rede municipal, número considerado insuficiente.
Para enfrentar o problema, o Governo do Estado lançou em maio de 2023 o programa “Mais Saúde, Menos Fila”, com R$ 45 milhões destinados à ampliação de cirurgias eletivas. Outros R$ 15,9 milhões do governo federal estão programados para execução dessas cirurgias no Estado.
O programa inclui procedimentos em especialidades como otorrinolaringologia, cirurgia vascular e geral, ortopedia e cirurgias preventivas de bullying para jovens, além de exames diagnósticos. Porém, o MPMS demonstrou que, desde o lançamento, não houve redução significativa nas filas.
Próximos passos
As decisões judiciais reforçam a necessidade de aprimorar processos de contratualização, avaliação e regulação dos serviços de saúde. Com o prazo de seis meses, espera-se que as filas sejam reduzidas, garantindo atendimento digno aos pacientes que aguardam há anos por procedimentos essenciais.