Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destaca segurança energética e considera volta da medida no próximo ano
Governo Federal descarta horário de verão em 2024
Foto: Wikimedia Commons

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O gover­no fede­ral anun­ci­ou que não have­rá horá­rio de verão no Brasil este ano. A deci­são foi comu­ni­ca­da hoje (16) pelo minis­tro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, após reu­nião com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Durante cole­ti­va de impren­sa, Silveira expli­cou que a medi­da não é neces­sá­ria nes­te momen­to, embo­ra o gover­no con­ti­nue moni­to­ran­do a situ­a­ção.

“Chegamos à con­clu­são de que não há neces­si­da­de de decre­ta­ção do horá­rio de verão para este perío­do, para este verão”, afir­mou o minis­tro. Segundo ele, a segu­ran­ça ener­gé­ti­ca do país está asse­gu­ra­da, com uma recu­pe­ra­ção ain­da ini­ci­al das con­di­ções hídri­cas. “É o iní­cio de um pro­ces­so de res­ta­be­le­ci­men­to da nos­sa con­di­ção hídri­ca ain­da mui­to modes­to, mas temos con­di­ções de che­gar, depois do verão, em con­di­ção de ava­li­ar a vol­ta des­ta polí­ti­ca [para o verão de 2025/2026]”, acres­cen­tou.

Horário de verão como política estratégica

Silveira des­ta­cou que a ado­ção do horá­rio de verão não deve ser uma deci­são mera­men­te polí­ti­ca ou dog­má­ti­ca. “É impor­tan­te que esta polí­ti­ca seja sem­pre con­si­de­ra­da. [O horá­rio de verão] não pode ser fru­to de uma ava­li­a­ção ape­nas dog­má­ti­ca ou de cunho polí­ti­co, pois tem refle­xos tan­to posi­ti­vos, quan­to nega­ti­vos, no setor elé­tri­co, quan­to na eco­no­mia [em geral], deven­do estar sem­pre na mesa”, dis­se.

O minis­tro com­pa­rou a prá­ti­ca no Brasil com a de outros paí­ses, citan­do a França, que ado­ta o horá­rio de verão prin­ci­pal­men­te por razões econô­mi­cas. “Países que têm matri­zes de ener­gia nucle­ar, como, por exem­plo, a França, ado­tam o horá­rio de verão mui­to mais por uma ques­tão econô­mi­ca, de impul­si­o­nar a eco­no­mia em cer­tos perío­dos do ano, do que pela segu­ran­ça ener­gé­ti­ca”, comen­tou.

Apesar de pon­de­rar os pos­sí­veis bene­fí­ci­os, Silveira expli­cou que um dos moti­vos para não ado­tar a medi­da ago­ra é o perío­do redu­zi­do de efe­ti­vi­da­de. “O pico do cus­to-bene­fí­cio do horá­rio de verão é nos meses de outu­bro e novem­bro, até mea­dos de dezem­bro. Se nos­sa posi­ção fos­se decre­tar o horá­rio de verão ago­ra, usu­frui­ría­mos mui­to pou­co des­te pico”, afir­mou, jus­ti­fi­can­do a neces­si­da­de de pla­ne­ja­men­to para que os seto­res se adap­tem.

Histórico e contexto

O horá­rio de verão foi intro­du­zi­do no Brasil pela pri­mei­ra vez em 1931 e, des­de 1985, pas­sou a ser apli­ca­do de for­ma mais sis­te­má­ti­ca. A ini­ci­a­ti­va bus­ca­va redu­zir o con­su­mo de ener­gia elé­tri­ca ao apro­vei­tar melhor a luz natu­ral. No entan­to, des­de 2019, a medi­da foi des­con­ti­nu­a­da pelo gover­no Bolsonaro, que ale­gou mudan­ças nos hábi­tos de con­su­mo da popu­la­ção.

Este ano, o gover­no cogi­tou reto­mar a prá­ti­ca como res­pos­ta à seca seve­ra que afe­tou vári­as regiões do país, clas­si­fi­ca­da pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemanden) como a mais gra­ve já regis­tra­da. O minis­tro Silveira refor­çou que, ape­sar de sinais de recu­pe­ra­ção, o moni­to­ra­men­to cli­má­ti­co e a segu­ran­ça ener­gé­ti­ca con­ti­nu­am a ser pri­o­ri­da­des.

“A prin­ci­pal fon­te de ener­gia da matriz elé­tri­ca bra­si­lei­ra é a hidre­lé­tri­ca. Graças a algu­mas medi­das de pla­ne­ja­men­to fei­tas duran­te um ano, con­se­gui­mos che­gar com nos­sos reser­va­tó­ri­os com índi­ces de resi­li­ên­cia que nos dão cer­ta tran­qui­li­da­de”, con­cluiu.

Opinião pública dividida

A vol­ta do horá­rio de verão divi­de opi­niões. De acor­do com pes­qui­sa do Datafolha divul­ga­da em 14 de outu­bro, 47% dos bra­si­lei­ros são a favor da medi­da, enquan­to outros 47% se opõem, e 6% são indi­fe­ren­tes. Outra pes­qui­sa, rea­li­za­da pela Abrasel e o por­tal Reclame Aqui, indi­ca um leve apoio majo­ri­tá­rio à prá­ti­ca, com 54,9% favo­rá­veis, sen­do 41,8% total­men­te a favor e 13,1% par­ci­al­men­te favo­rá­veis.

Fonte: Agência Brasil

SOBRE O AUTOR

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Odirley Deotty

Odirley Deotti é jornalista, escritor, designer gráfico e chefe de redação do Guia MS Notícias.

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