O governo federal anunciou que não haverá horário de verão no Brasil este ano. A decisão foi comunicada hoje (16) pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, após reunião com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Durante coletiva de imprensa, Silveira explicou que a medida não é necessária neste momento, embora o governo continue monitorando a situação.
“Chegamos à conclusão de que não há necessidade de decretação do horário de verão para este período, para este verão”, afirmou o ministro. Segundo ele, a segurança energética do país está assegurada, com uma recuperação ainda inicial das condições hídricas. “É o início de um processo de restabelecimento da nossa condição hídrica ainda muito modesto, mas temos condições de chegar, depois do verão, em condição de avaliar a volta desta política [para o verão de 2025/2026]”, acrescentou.
Horário de verão como política estratégica
Silveira destacou que a adoção do horário de verão não deve ser uma decisão meramente política ou dogmática. “É importante que esta política seja sempre considerada. [O horário de verão] não pode ser fruto de uma avaliação apenas dogmática ou de cunho político, pois tem reflexos tanto positivos, quanto negativos, no setor elétrico, quanto na economia [em geral], devendo estar sempre na mesa”, disse.
O ministro comparou a prática no Brasil com a de outros países, citando a França, que adota o horário de verão principalmente por razões econômicas. “Países que têm matrizes de energia nuclear, como, por exemplo, a França, adotam o horário de verão muito mais por uma questão econômica, de impulsionar a economia em certos períodos do ano, do que pela segurança energética”, comentou.
Apesar de ponderar os possíveis benefícios, Silveira explicou que um dos motivos para não adotar a medida agora é o período reduzido de efetividade. “O pico do custo-benefício do horário de verão é nos meses de outubro e novembro, até meados de dezembro. Se nossa posição fosse decretar o horário de verão agora, usufruiríamos muito pouco deste pico”, afirmou, justificando a necessidade de planejamento para que os setores se adaptem.
Histórico e contexto
O horário de verão foi introduzido no Brasil pela primeira vez em 1931 e, desde 1985, passou a ser aplicado de forma mais sistemática. A iniciativa buscava reduzir o consumo de energia elétrica ao aproveitar melhor a luz natural. No entanto, desde 2019, a medida foi descontinuada pelo governo Bolsonaro, que alegou mudanças nos hábitos de consumo da população.
Este ano, o governo cogitou retomar a prática como resposta à seca severa que afetou várias regiões do país, classificada pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemanden) como a mais grave já registrada. O ministro Silveira reforçou que, apesar de sinais de recuperação, o monitoramento climático e a segurança energética continuam a ser prioridades.
“A principal fonte de energia da matriz elétrica brasileira é a hidrelétrica. Graças a algumas medidas de planejamento feitas durante um ano, conseguimos chegar com nossos reservatórios com índices de resiliência que nos dão certa tranquilidade”, concluiu.
Opinião pública dividida
A volta do horário de verão divide opiniões. De acordo com pesquisa do Datafolha divulgada em 14 de outubro, 47% dos brasileiros são a favor da medida, enquanto outros 47% se opõem, e 6% são indiferentes. Outra pesquisa, realizada pela Abrasel e o portal Reclame Aqui, indica um leve apoio majoritário à prática, com 54,9% favoráveis, sendo 41,8% totalmente a favor e 13,1% parcialmente favoráveis.
Fonte: Agência Brasil