Quando a falta de quem se foi nos arranca lágrimas, temos a certeza de que foram dias muito bem vividos. A saudade é um sinal claro de que o outro era essencial pra nós e agora precisamos seguir.
Para mim, esse Dia de Finados tem um gosto diferente. Há oito meses meu pai se despedia. Há apenas seis, nossa grande matriarca centenária deixava sua marca indelével na nossa história. Estou falando da minha avó materna. Despedidas diferentes, dores diferentes, um luto pelo qual ainda hoje luto para driblar. A dobradinha e o jogo de palavras vem como homenagem a minha poesia centenária! A vaidosa Floriza, a flor mais linda do meu jardim, dona Tita, cujos poemas e letras de música brotavam facilmente entre os lábios com uma memória de causar inveja a muitos jovens.
Meu pai, Seo Edson, por outro lado, uma rocha, uma pedra em todos os sentidos! Vendia saúde na minha época de infância, mas acometido de surpresa pelo Parkinson, vinha se arrastando em depressão nos últimos anos em uma briga diária para se manter em pé. Por vezes confuso, mas sempre com um risinho de canto de boca pra dizer que estava tudo bem.
A diferença de idade entre eles era muito grande e ele sempre dizia aos quatro ventos que “a véia iria depois de muita gente”. E assim, ela foi, depois dele!
Pra esse dia, como boa católica que sou, imersa entre minha dor de saudade, mas na certeza da vida eterna, só posso dizer que as santas almas precisam das nossas orações e eu estou disposta a rezar pelos meus antepassados que ainda hoje me arrancam lágrimas, suspiros e muita, muita saudade!