O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, aumentar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, elevando‑a para 11,25% ao ano. A medida, que já era esperada pelo mercado, visa conter a inflação diante da alta do dólar e dos preços dos alimentos, além das incertezas globais, especialmente nos Estados Unidos.
Em comunicado, o Copom mencionou o cenário econômico dos EUA como um fator de preocupação. Sem citar diretamente o presidente eleito, Donald Trump, o documento destacou a “conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração e da postura do Federal Reserve (Fed)”. O contexto internacional influencia as decisões do Banco Central, que acompanha as mudanças para ajustar a política monetária brasileira.
Internamente, o Banco Central também ressaltou a importância da política fiscal, indicando a necessidade de ajustes nos gastos públicos. Segundo o comunicado, uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida pública seria fundamental para ancorar as expectativas de inflação e reduzir o risco financeiro. “Uma política fiscal sólida contribui para o equilíbrio econômico e auxilia na política monetária”, afirmou o texto.
Inflação sob pressão
A taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em setembro, o IPCA subiu 0,44%, pressionado pela bandeira vermelha na conta de luz e pelo aumento nos preços dos alimentos devido à seca. O IPCA de outubro será divulgado em breve, mas o acumulado de 12 meses já atinge 4,42%, próximo ao teto da meta para o ano.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu uma meta de inflação de 3% para 2024, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, o que permite uma faixa entre 1,5% e 4,5%. A última previsão oficial do Banco Central, divulgada em setembro, já apontava uma expectativa de IPCA a 4,31% para o próximo ano, mas o aumento do dólar e a persistência da seca podem pressionar ainda mais o indicador. O boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central, estima inflação de 4,59% para 2023, acima do limite da meta.
Para 2024, o Banco Central projeta que o IPCA alcance 4,6%, enquanto espera um índice de 3,9% em 2025 e 3,6% no primeiro trimestre de 2026. Esse cenário é acompanhado pelo conceito de “horizonte ampliado”, que considera as expectativas de inflação em até 18 meses.
Efeito nos juros e na economia
A Selic mais alta torna o crédito mais caro e desestimula o consumo e a produção, o que ajuda a controlar a inflação, mas também limita o crescimento econômico. O Banco Central revisou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024 para 3,2%, um leve ajuste em relação à previsão anterior, após uma expansão de 3,1% no PIB de 2023.
Como referência, a taxa Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos e influencia as demais taxas de juros da economia. O aumento da Selic visa controlar a demanda e mitigar o risco de aumento nos preços. Ao manter a inflação sob controle, o Banco Central ganha espaço para futuras reduções na taxa, desde que as condições econômicas estejam estáveis.
Fonte: Agência Brasil