O atendimento a moradores das comunidades Barra do São Lourenço e Aterro do Binega, afetados por fumaça e fuligem, revela situação preocupante
Comunidades isoladas do Pantanal pedem socorro médico
Foto: IHP

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A comu­ni­da­de indí­ge­na Barra do São Lourenço e a loca­li­da­de de Aterro do Binega, situ­a­das no Pantanal, vivem uma cri­se de saú­de públi­ca devi­do aos impac­tos dos incên­di­os flo­res­tais. Entre os dias 28 e 30 de outu­bro, uma equi­pe de saú­de volun­tá­ria aten­deu mais de 30 mora­do­res da região, iden­ti­fi­can­do casos fre­quen­tes de farin­gi­te, pro­ble­mas res­pi­ra­tó­ri­os e ardên­cia nos olhos, em fun­ção da alta con­cen­tra­ção de fuma­ça e fuli­gem. A situ­a­ção foi clas­si­fi­ca­da como uma emer­gên­cia de saú­de pelos pro­fis­si­o­nais envol­vi­dos.

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que atua com o pro­gra­ma Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar, coor­de­nou a logís­ti­ca e a aco­mo­da­ção dos volun­tá­ri­os, além de for­ne­cer medi­ca­men­tos. Entre os pro­fis­si­o­nais par­ti­ci­pan­tes esta­vam o infec­to­lo­gis­ta Percival Henrique, a téc­ni­ca em enfer­ma­gem Patrícia Colman Costa, a médi­ca-vete­ri­ná­ria Iandara Schettert e a psi­có­lo­ga Daicy Saldanha, que auxi­li­a­ram não só os mora­do­res, mas tam­bém bri­ga­dis­tas ins­ta­la­dos na Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Acurizal.

Percival Henrique des­ta­cou a seve­ri­da­de da situ­a­ção: “As comu­ni­da­des foram bas­tan­te asso­la­das pelos incên­di­os no Pantanal. Encontramos pes­so­as com difi­cul­da­des res­pi­ra­tó­ri­as, fuli­gem no nariz e ardên­cia nos olhos. Uma das medi­das que trou­xe­mos foi ensi­nar a lava­gem nasal com soro para aju­dar no cui­da­do res­pi­ra­tó­rio. A região é de difí­cil aces­so, e o aten­di­men­to só foi pos­sí­vel com o apoio aéreo da Amapil e via flu­vi­al para a comu­ni­da­de Barra do São Lourenço”, rela­tou o infec­to­lo­gis­ta.

Comunidades isoladas do Pantanal pedem socorro médico
Foto: IHP

Durante os aten­di­men­tos domi­ci­li­a­res, a equi­pe rea­li­zou exa­mes clí­ni­cos, recei­tou medi­ca­men­tos de emer­gên­cia e ofe­re­ceu supor­te psi­co­ló­gi­co. A psi­có­lo­ga da equi­pe apli­cou téc­ni­cas de rei­ki para ali­vi­ar sin­to­mas de ansi­e­da­de, enquan­to a médi­ca-vete­ri­ná­ria pres­tou auxí­lio a mora­do­res com ani­mais domés­ti­cos. A mora­do­ra Rayane Gomes de Souza refor­çou a neces­si­da­de con­tí­nua de assis­tên­cia médi­ca: “Não temos aces­so fre­quen­te a medi­ca­men­tos ou aten­di­men­to médi­co, e as quei­ma­das pio­ra­ram ain­da mais a situ­a­ção.”

A emer­gên­cia ocor­re em meio a uma tem­po­ra­da de incên­di­os que, segun­do o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA/UFRJ), já con­su­mi­ram 18% do Pantanal em 2024, quei­man­do mais de 2,7 milhões de hec­ta­res. A ação volun­tá­ria con­tou com o apoio do Instituto Amigos do Coração e da Amapil Táxi Aéreo, que trans­por­ta­ram medi­ca­men­tos até as áre­as afe­ta­das.

O pre­si­den­te do IHP, Angelo Rabelo, fri­sou a impor­tân­cia da con­ti­nui­da­de no aten­di­men­to: “É uma emer­gên­cia de saú­de públi­ca, e o esfor­ço dos volun­tá­ri­os foi fun­da­men­tal para o apoio ime­di­a­to.”

Fonte: IHP

SOBRE O AUTOR

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Odirley Deotty

Odirley Deotti é jornalista, escritor, designer gráfico e chefe de redação do Guia MS Notícias.

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