Uma audiência pública realizada nesta sexta-feira (01) na Câmara de Vereadores de Campo Grande abordou a necessidade de cadastramento dos ambulantes que atuam no novo Corredor Cultural da Rua 14 de Julho. A iniciativa surge em resposta às preocupações dos comerciantes locais, que afirmam enfrentar concorrência desleal, já que os vendedores ambulantes não pagam impostos e, portanto, podem oferecer preços menores.
“Os comerciantes da região central são muito a favor do Corredor, mas temos coisas que precisamos organizar, como, por exemplo, a questão dos ambulantes. Somos totalmente contra os ambulantes na região central. O empresário e o comerciante vão pagar todos os seus impostos, e isso vai ser incluído no preço da mercadoria. E o ambulante vai estar na porta dele vendendo na metade do preço”, afirmou Rosane Nely de Lima, vice-presidente da Associação de Empresários e Comerciantes da Região Central.
A insatisfação dos empresários da Rua 14 de Julho com a presença de ambulantes foi enfatizada em uma nota coletiva divulgada em setembro, onde relataram que a diminuição do consumo em bares tem dificultado o pagamento das atrações musicais, fundamentais para atrair público ao local.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Adelaido Vila, defendeu a regularização dos ambulantes, enfatizando que é necessário oferecer condições para que possam, eventualmente, abrir seu próprio negócio. “Quando a gente fala que é contra o ambulante, isso me preocupa. Somos contra a ilegalidade. Precisamos regularizar todo aquele que quer comercializar alguma coisa”, comentou.
O vereador Prof. André Luís também endossou essa visão, ressaltando que “o ambulante tem o direito de exercer sua profissão, mas também tem seus deveres: deve ser cadastrado, pagar taxas, como todo mundo.” A vereadora Luiza Ribeiro complementou, afirmando que “os ambulantes são pessoas empresárias. São pequenos, mas são importantes para a economia da nossa cidade.”
O Corredor Cultural da 14 de Julho, além de ser um espaço de lazer e cultura, tem importância econômica. Durante a audiência, o vereador Ronilço Guerreiro destacou a necessidade de garantir infraestrutura adequada para a população. “É desafiador, mas precisamos discutir as melhores maneiras de fomentar o local e encontrar soluções para problemas existentes como banheiros e organização do trânsito”, disse.
O ambulante Matheus Lima defendeu seus colegas, compartilhando sua experiência ao tentar regularizar sua situação sem sucesso. “Sou MEI, contribuo com o Governo, e com esse imposto recolhido, por que não posso exercer minha função?” questionou.
Além disso, o fechamento da Rua 14 de Julho foi discutido. A secretária Municipal de Cultura e Turismo, Mara Gurgel, explicou que o fechamento atendeu a um pedido dos comerciantes, mas foi necessário reavaliar a estrutura para garantir a segurança dos frequentadores. “Percebemos que o fechamento triplicou o número de frequentadores, mas essa demanda acabou atrapalhando os próprios comerciantes e a própria prefeitura”, concluiu.
Fonte: CMCG