Equipe de saúde realiza atendimento emergencial no Pantanal para comunidades afetadas por incêndios. Ação busca atender necessidades físicas e emocionais dos moradores.
Após incêndios, grupo leva saúde à Serra do Amolar
Incêndios florestais não prejudicaram apenas a fauna e flora, mas os moradores da região. (Foto: Divulgação IHP)

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Um médi­co infec­to­lo­gis­ta, uma téc­ni­ca em enfer­ma­gem, uma psi­có­lo­ga e uma vete­ri­ná­ria. Os pro­fis­si­o­nais estão, de for­ma volun­tá­ria, des­de o últi­mo dia 28 na região da Serra do Amolar para aten­di­men­tos que estão sen­do fina­li­za­dos hoje (30) na comu­ni­da­de indí­ge­na Barra do São Lourenço, comu­ni­da­de Aterro Binega e entre os mora­do­res iso­la­dos no Rio São Lourenço, além de bri­ga­dis­tas que estão atu­an­do no com­ba­te aos incên­di­os que atin­gem a região do Pantanal.

Segundo a coor­de­na­do­ra do Instituto do Homem Pantaneiro (IHP), Isabelle Bueno, são vári­os os desa­fi­os que come­çam des­de a mobi­li­za­ção: “Encontrar pes­so­as dis­pos­tas a saí­rem de suas casas, orga­ni­za­rem seus tra­ba­lhos roti­nei­ros e ir até um local des­co­nhe­ci­do sem real­men­te saber o que eles encon­tra­rão lá e quais serão os mai­o­res desa­fi­os da ação”, comen­tou em entre­vis­ta na manhã de hoje ao pro­gra­ma Rádio Livre, da Educativa FM 104,7.

Isabelle lem­bra que eles foram pre­pa­ra­dos prin­ci­pal­men­te para doen­ças res­pi­ra­tó­ri­as, que seri­am as mai­o­res con­sequên­ci­as das quei­ma­das, da fuma­ça e de tudo que a comu­ni­da­de vem viven­ci­an­do nos últi­mos meses, no entan­to, se depa­ra­ram com situ­a­ções como hiper­ten­são e até algu­mas situ­a­ções emo­ci­o­nais.

Ter leva­do uma psi­có­lo­ga, nes­se aspec­to, foi pro­vi­den­ci­al para aten­der a essas comu­ni­da­des, que estão emo­ci­o­nal­men­te aba­la­das com toda essa situ­a­ção. “Eles vive­ram real­men­te situ­a­ções de mui­to ris­co, e eles estão iso­la­dos”, res­sal­tou Isabelle. Segundo ela, eles viven­ci­a­ram tudo isso sem poder sair do lugar onde esta­vam até em fun­ção de gas­tos, já que para uma via­gem de oito horas de bar­co até che­gar na cida­de, há um cus­to mui­to ele­va­do de com­bus­tí­vel. “Eles aca­bam fican­do sem supor­te”, afir­mou.

Há tam­bém a pre­o­cu­pa­ção com os ani­mais domés­ti­cos e com a medi­ca­ção e para isso foram leva­dos vári­os remé­di­os arre­ca­da­dos. “Eles con­se­gui­ram mape­ar os mai­o­res desa­fi­os lá e aí a gen­te está pen­san­do real­men­te em uma nova inten­ção ago­ra, com o retor­no”, expli­cou, refe­rin­do-se a estra­té­gi­as, já que conhe­cem a neces­si­da­de daque­la região.

“Muito mais do que cui­dar do ambi­en­te, cui­dar da fau­na, a gen­te pre­ci­sa cui­dar das pes­so­as que estão ali por­que eles aca­bam sen­do guar­diões daque­la região. Eles estão ali há vári­os anos, conhe­cem aque­le ter­ri­tó­rio, conhe­cem os desa­fi­os de morar ali e eles vêm enfren­tan­do situ­a­ções que eles viven­ci­a­vam com rari­da­de e ago­ra está tão fre­quen­te que eles aca­bam ten­do que se adap­tar a tudo que vem acon­te­cen­do com tan­tas mudan­ças cli­má­ti­cas. Antigamente a gen­te con­se­guia pre­ver as épo­cas de mai­or ris­co de fogo, hoje a gen­te já teve fogo des­de janei­ro, então eles pre­ci­sam estar o tem­po todo se adap­tan­do a uma nova rea­li­da­de”, fina­li­zou.

Com apoio do Instituto Amigos do Coração e Amapil Táxi Aéreo, foi pos­sí­vel que pro­fis­si­o­nais de saú­de con­se­guis­sem doa­ção de dife­ren­tes medi­ca­men­tos para os mora­do­res da região da Serra do Amolar. O médi­co Percival Henrique é volun­tá­rio do Instituto e tam­bém já tra­ba­lhou com a Amapil.

O pre­si­den­te do IHP, Angelo Rabelo, este­ve na região nes­te dia 25 de outu­bro e refor­ça que essa medi­da repre­sen­ta um esfor­ço neces­sá­rio para miti­gar os efei­tos da fuma­ça e o estres­se que os incên­di­os vêm cau­san­do. “A fuma­ça que está naque­la região está em uma con­di­ção ter­rí­vel e as pes­so­as não têm para onde esta­rem abri­ga­das. Não hou­ve chu­va sufi­ci­en­te para redu­zir o pro­ble­ma nas duas últi­mas sema­nas. É uma emer­gên­cia de saú­de públi­ca e temos que agra­de­cer aos volun­tá­ri­os que con­se­gui­ram dis­po­ni­bi­li­zar esse tem­po para o aten­di­men­to.”

Sobre o Instituto Homem Pantaneiro

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma orga­ni­za­ção da soci­e­da­de civil, sem fins lucra­ti­vos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na con­ser­va­ção e pre­ser­va­ção do bio­ma Pantanal e da cul­tu­ra local.

SOBRE O AUTOR

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Vivianne Nunes

Vivianne Nunes, jornalista, empresária VW Comunicação, radialista, apresentadora do programa Rádio Livre da FM 104,7 e do Podcast Guia +Saúde!

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