A Adoção é um ato de amor e transformação. O primeiro passo para quem deseja adotar é o processo de habilitação para Adoção. Essa etapa garante que os pais adotivos estejam preparados para oferecer um ambiente seguro e amoroso. As varas da infância e juventude regulamentam esse processo. No Mato Grosso do Sul, ele segue normas específicas da Corregedoria do Tribunal de Justiça.
Como se habilitar para a Adoção
O interessado em adotar deve inicialmente comparecer ao fórum de sua comarca para iniciar o processo. O primeiro passo é apresentar os documentos exigidos, que incluem certidões, comprovantes de residência e renda, além de documentos de identificação pessoal. Em seguida, passa-se por uma avaliação psicossocial conduzida por uma equipe técnica composta por psicólogos e assistentes sociais. Esse processo visa compreender a motivação da pessoa ou casal para adotar, suas condições emocionais e estruturais para acolher uma criança ou adolescente.
Após a avaliação, os interessados participam de cursos de preparação. Nesses cursos, discutem-se temas como os desafios da Adoção, as realidades das crianças disponíveis e a importância do vínculo afetivo. Somente após a aprovação em todas essas etapas, a pessoa ou o casal estará habilitado para adotar e passará a integrar o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), onde aguardará o perfil de criança compatível com suas expectativas e possibilidades.
Desafios da adoção
Um dos grandes desafios enfrentados pelos futuros pais por adoção é a espera. Muitas vezes, as expectativas sobre o perfil da criança – idade, cor da pele, gênero, ou condições de saúde – não correspondem à realidade das crianças que estão aptas para adoção. De acordo com o CNJ, a maioria dos adotantes busca crianças pequenas, geralmente com até 5 anos de idade, o que acaba prolongando o tempo de espera, visto que a maioria das crianças disponíveis para adoção tem idade superior a essa.
Outro desafio é a adaptação da criança ao novo ambiente familiar. Crianças que passaram por abandono ou institucionalização podem ter traumas emocionais. Esses traumas exigem acompanhamento contínuo e amor incondicional dos pais adotivos. No entanto, as alegrias da adoção superam os desafios. A adoção permite o surgimento de novos laços familiares e a oportunidade de reescrever histórias de vida marcadas pela vulnerabilidade.
Quantas crianças estão aptas para adoção hoje?
Atualmente, no Brasil, existem cerca de 30 mil crianças e adolescentes acolhidos institucionalmente, mas nem todas estão aptas para adoção. No entanto, o número de habilitados à adoção é bem maior, com aproximadamente 50 mil pretendentes cadastrados. Esses números, divulgados pelo CNJ, revelam o desafio do descompasso entre o perfil de crianças disponíveis e o perfil desejado pelos adotantes.
O perfil mais procurado e a realidade
Conforme dados dos Tribunais de Justiça e do SNA, o perfil mais procurado pelos adotantes continua sendo crianças menores de 5 anos, sem irmãos, de cor branca e sem problemas de saúde. No entanto, a maioria das crianças disponíveis para adoção foge desse padrão. Muitas delas têm mais de 7 anos de idade, fazem parte de grupos de irmãos ou têm algum tipo de necessidade especial. A conscientização sobre a realidade dessas crianças é essencial para que mais adotantes ampliem seus perfis e considerem a adoção de crianças mais velhas ou com condições especiais, ampliando assim suas chances de encontrar uma família.
Grupos de Apoio à Adoção
A Angaad (Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção) desempenha um papel essencial no fortalecimento da cultura adotiva no Brasil, atuando como rede de apoio para famílias adotantes, adotados e profissionais da área. Com foco em disseminar informações, oferecer suporte emocional e promover o entendimento dos processos adotivos, a Angaad congrega Grupos de Apoio à Adoção (GAA) em todo o país, ajudando a desmistificar a adoção e a enfrentar desafios como a espera, a adaptação e a criação de vínculos afetivos.
Os GAAs são espaços de troca de experiências e acolhimento para famílias e indivíduos que estão passando pelo processo adotivo. Além de oferecer suporte prático e emocional, esses grupos promovem rodas de conversa, palestras, cursos e atividades que ajudam a preparar os interessados em adotar, abordando temas como a construção do vínculo com a criança, a espera no processo de adoção e a realidade das crianças disponíveis. Esses espaços são fundamentais para criar uma rede de suporte e fortalecer a convivência familiar pós-adoção.
Mato Grosso do Sul possui GAAs nas cidades de Amambai, Bataguassú, Campo Grande, Coxim, Dourados Ladário, Naviraí, Sidrolândia e Três Lagoas. Confira o endereço e o contato de cada um clicando neste link
Programas de Busca Ativa e o Aproximando Vidas
Com o objetivo de aproximar as crianças e adolescentes disponíveis para adoção de possíveis adotantes, diversos Tribunais de Justiça implementaram programas de Busca Ativa, que buscam dar maior visibilidade às crianças que estão há mais tempo aguardando por uma família. Um exemplo de destaque é o programa Aproximando Vidas, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS). Esse projeto utiliza vídeos, fotos e perfis das crianças e adolescentes cadastrados, humanizando suas histórias e sensibilizando os pretendentes para a adoção de perfis considerados de “difícil colocação” no sistema.
O programa Aproximando Vidas tem sido eficaz em encontrar famílias para crianças mais velhas e grupos de irmãos, permitindo que histórias de vida sejam transformadas por meio do amor e da acolhida. A importância desse tipo de iniciativa vai além da adoção individual, pois também promove a conscientização sobre o verdadeiro significado de formar uma família adotiva, onde o amor e o cuidado superam qualquer expectativa inicial.
DIFERENCIAL: Qualquer pessoa, mesmo que não esteja habilitado para adoção, pode acessar o programa e conhecer as crianças.
As alegrias da adoção
Apesar dos desafios, a adoção traz uma infinidade de alegrias tanto para os pais quanto para as crianças. A construção de um novo lar, o fortalecimento dos laços afetivos e a certeza de que uma vida foi transformada são recompensas incomparáveis. A adoção não é apenas um ato de solidariedade; é um compromisso de vida que oferece à criança o direito de crescer em um ambiente de amor, proteção e cuidado.
A adoção é um caminho repleto de desafios e recompensas. Quem se dispõe a trilhá-lo deve estar preparado para os processos burocráticos, as dificuldades emocionais, mas também para as infinitas alegrias que a chegada de um filho traz. Para quem deseja dar esse passo, é importante conhecer os programas de Busca Ativa, como o Aproximando Vidas, que ajudam a realizar o sonho de formar uma família.