Edilaine Lescano tinha apenas 20 anos, uma filha de dois e muitos sonhos, agora interrompidos. A lembrança tão viva da menina que queria terminar a faculdade de Ciências Contábeis para dar uma vida melhor a sua filha, na pequena Bandeirantes, cidade distante 70 quilômetro de Campo Grande, agora é a maior dor de Elaine Lescano, 33 anos, mãe da menina vítima de atropelamento na rodovia, na últim quarta-feira (6). Segundo a mãe, ela estava indo trocar um presente que havia ganhado no dia anterior.
“Sim, ela tinha uma filha de dois anos e dia 26 de outubro fizemos o aniversário dela”, contou Elaine Lescano em um breve relato à reportagem do Guia MS Notícias. “A bebê é a herança que minha filha me deixou”, desabafa a auxiliar de cozinha. Mãe e filha moravam com a avó e o irmão de Edilene. “Minha vida agora é ser firme pela minha neta e pelo filho, pois se não tivesse eles comigo eu não sei como seria”, lamenta Elaine.
Entre tantas fotos e recordações, a imagem de uma menina muito vaidosa, sorridente, feliz, é o que alimenta e conforta o coração da mãe, que pediu à reportagem: “Faça uma homenagem maravilhosa para minha filha, pois ela merece. Se existia uma pessoa maravilhosa e especial, era ela”, conclui a mãe, em meio ao luto e a necessidade de dar apoio aos que ficam.
A partida tão precoce de Edilene causou verdadeira comoção nos moradores da pequena Bandeirantes, onde foi a segunda vítima de atropelamento em 2024. Ela foi atingida por uma camionete ao atravessar a rodovia BR-163. O condutor, um idoso de 74 anos, seguia em viagem do Paraná ao Mato Grosso.
Neste sábado (9), um grupo de moradores vai se reunir às margens da rodovia para uma manifestação em que pedem melhores condições de segurança para a via e assinam um abaixo-assinado para isso. O encontro será a partir das 8h.
As demandas incluem “retomar a duplicação da rodovia”, “construir passarelas e instalar semáforos no perímetro urbano”, “ativar redutores eletrônicos de velocidade” e “ampliar a sinalização e reduzir os limites de velocidade”.
A tragédia reacende a preocupação com a segurança dos pedestres e motoristas na BR-163, onde a falta de infraestrutura tem sido apontada como um fator contribuinte para os acidentes. A comunidade aguarda respostas das autoridades, incluindo a concessionária CCR-MS Vias, o Governo Federal e a bancada federal de Mato Grosso do Sul.