Sabe aquela blusinha que a esposa compra escondida? Pois é. Quando um dos integrantes do casal esconde do outro informações sobre dinheiro, o ato é considerado infidelidade financeira. E isso não é nada saudável para um relacionamento maduro, onde ambos têm a mesma prioridade: prosperar.
São quatro as principais situações que caracterizam a infidelidade financeira. A primeira é a omissão de ativos (bens e direitos); a segunda, a omissão de passivos (dívidas ou bens); a terceira é a omissão de renda (o dinheiro que entra); e, por último, as despesas (com o que se gasta).
A situação se torna mais grave quando um dos dois prejudica a reputação financeira do outro, por exemplo, acumulando uma série de dívidas que comprometem não apenas os seus bens particulares, mas também aqueles que são da família.
Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Banco Central do Brasil (BCB), mostrou que quase metade dos casais (46%) admite brigar por questões financeiras. O principal motivo é o parceiro comprar além do seu poder aquisitivo (38%), gastar sem formar reserva (27%) e discordâncias em relação às contas da casa (25%). Já 40% dos casais revelaram que costumam gastar mais do que podem para satisfazer as vontades do outro.
Não falar sobre dinheiro pode ser um grande problema em uma relação. Tanto é que 85% dos entrevistados conversam em casa sobre o orçamento, sendo que 21% deles admitem conversar somente quando a situação financeira já não está boa. E inacreditáveis 15% dos casais nem tocam no assunto dinheiro. Essa é a receita certa para o fracasso do relacionamento.
Alinhar prioridades, expectativas e distribuição financeira é fundamental para as famílias crescerem financeiramente. E as crianças não devem ficar de fora! Com elas, essas prioridades da família devem ser discutidas desde cedo. Conversar e alinhar sobre a educação financeira dos filhos (mesmo que ainda não existam) é tão importante quanto discutir os valores da educação como um todo.
Escuto muito frases como “somos diferentes” e “fomos criados de maneira diferente”. Um se preocupa demais, enquanto o outro acredita que tudo se resolve. Mas e quando apenas um se interessa em regular a vida financeira? E quando todo o peso fica nas costas do outro?
Não importa como você foi criado; as prioridades financeiras dos pais não precisam ser as mesmas de uma nova família que se forma. A cada geração, a maneira de investir e o mercado mudam. Levar em consideração histórias de vida pode atrasar a compreensão das prioridades financeiras da nova família.
Construa uma nova jornada financeira usando o histórico familiar apenas como uma forma de alinhar valores importantes, e não tipos de investimentos e gastos.
Uma solução, quando não se encontra uma saída, é terapia financeira. Fazer um curso em casal, uma consultoria financeira, pode ser muito útil não apenas no início de um novo relacionamento, para que problemas ligados ao dinheiro não sejam empecilhos nessa construção familiar, mas também para acertar as prioridades.
E como saber se eu, mesmo de forma discreta, pratico a infidelidade financeira?
Se há sumiço de faturas, omissão de documentos, vitimismo ou preocupação em excesso, isso pode ser um sinal. Receio de comprar algo por medo do que o parceiro vá falar indica que vocês não conversam sobre caminhar juntos em uma estrada financeira, e isso não ajuda em nada na confiança do casal.
Mas calma, existe uma maneira de resolver. Converse! Converse mais sobre dinheiro, assistam a filmes sobre o tema e conversem sobre o que assistiram. Repensem o estilo de vida da família para pagar contas, construam um planejamento com metas que subam degraus e estejam dentro da realidade de ganhos. Preocupem-se em iniciar uma reserva financeira. O segredo é alinhar sonhos e prioridades, entender e respeitar as vontades financeiras de cada um para haver uma vida financeira em comum na busca do mesmo caminho.