Estorno de recursos representa uma medida de proteção contra fraudes e pagamentos indevidos
Bancos devolveram ao INSS quase R$ 8 bi em benefícios não sacados
Foto: Reprodução/INSS

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Entre janei­ro de 2023 e setem­bro des­te ano, os ban­cos devol­ve­ram ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) mais de R$ 7,88 bilhões rela­ti­vos a bene­fí­ci­os que os segu­ra­dos dei­xa­ram de sacar no pra­zo legal. Do total, pou­co mais de R$ 4,947 bilhões foram res­ti­tuí­dos ao lon­go do ano pas­sa­do. Já entre janei­ro e setem­bro des­te ano, o mon­tan­te estor­na­do supe­rou R$ 2,938 bilhões.

A legis­la­ção deter­mi­na que, se o segu­ra­do não sacar o valor depo­si­ta­do pelo INSS em até 60 dias, o ban­co deve devol­vê-lo inte­gral­men­te ao Instituto. A medi­da se apli­ca ape­nas a quem usa o car­tão mag­né­ti­co do órgão para movi­men­tar o bene­fí­cio rece­bi­do. Segundo o Instituto, o obje­ti­vo é evi­tar paga­men­tos inde­vi­dos e ten­ta­ti­vas de frau­de, como o saque, por ter­cei­ros, do bene­fí­cio de segu­ra­dos que já fale­ce­ram. Além dis­so, por pre­cau­ção, sem­pre que a quan­tia depo­si­ta­da é devol­vi­da por fal­ta de movi­men­ta­ção, o INSS sus­pen­de futu­ros paga­men­tos ao bene­fi­ciá­rio.

Ainda de acor­do com o INSS, o bene­fi­ciá­rio pode pedir a regu­la­ri­za­ção de sua situ­a­ção e a pos­te­ri­or libe­ra­ção dos recur­sos a que tem direi­to. Dessa for­ma, o Instituto pode­rá vol­tar a libe­rar ao menos par­te dos R$ 7,88 bilhões para segu­ra­dos que, pos­te­ri­or­men­te, con­se­gui­rem pro­var fazer jus ao bene­fí­cio.

Indagado pela Agência Brasil, o INSS res­pon­deu que, até essa quin­ta-fei­ra (31), ain­da não havia cal­cu­la­do o núme­ro de segu­ra­dos cujos bene­fí­ci­os foram devol­vi­dos, a par­tir de janei­ro de 2023, por fal­ta de movi­men­ta­ção, nem quan­tos deles regu­la­ri­za­ram suas situ­a­ções. O INSS tam­bém não sou­be infor­mar a cifra final devol­vi­da ao Tesouro Nacional no mes­mo perío­do de 21 meses.

“É difí­cil esti­mar. Muitos bene­fí­ci­os podem ter sido sus­pen­sos por não terem sido saca­dos [den­tro do pra­zo legal] e res­ta­be­le­ci­dos em segui­da. [Nestes casos] os paga­men­tos são fei­tos por com­ple­men­to posi­ti­vo e não temos fer­ra­men­ta geren­ci­al que men­su­re quan­tos deles vie­ram de um res­ta­be­le­ci­men­to, bem como seus res­pec­ti­vos valo­res”, expli­cou a asses­so­ria do órgão, refe­rin­do-se a uma das moda­li­da­des de paga­men­to que o ins­ti­tu­to ado­ta para cor­ri­gir ou com­ple­men­tar valo­res já libe­ra­dos aos segu­ra­dos.

“Isso não é inco­mum”, asse­gu­rou o advo­ga­do Mauro Hauschild. Especialista em direi­to pre­vi­den­ciá­rio, ele pre­si­diu o INSS entre 2011 e 2012. “Até por­que, esses recur­sos devol­vi­dos pelos ban­cos vol­tam para uma espé­cie de con­ta úni­ca, o Fundo do Regime Geral de Previdência Social, no qual o gover­no colo­ca dinhei­ro todos os meses a fim de pagar os bene­fí­ci­os, já que a arre­ca­da­ção é menor que a des­pe­sa.”

Segundo Hauschild, um segu­ra­do pode dei­xar de sacar seu bene­fí­cio por vári­os moti­vos. “Ele pode ter fale­ci­do e a quan­tia con­ti­nu­ar sen­do depo­si­ta­da por­que o óbi­to demo­rou a ser noti­fi­ca­do. Ou a pes­soa dei­xou de aten­der aos requi­si­tos para rece­ber o paga­men­to, como, por exem­plo, vol­tou a tra­ba­lhar com vín­cu­lo for­mal. Enfim, são vári­as situ­a­ções.”

Para o advo­ga­do, con­si­de­ran­do que o INSS movi­men­ta, men­sal­men­te, deze­nas de bilhões de reais para pagar apo­sen­ta­do­ri­as, pen­sões, auxí­li­os pre­vi­den­ciá­ri­os e bene­fí­ci­os assis­ten­ci­ais, os R$ 7,88 bilhões devol­vi­dos pelos ban­cos des­de janei­ro do ano pas­sa­do é um valor admis­sí­vel.

“É um bai­ta núme­ro, um valor alto, mas quan­do pega­mos a gama de valo­res pagos pelo ins­ti­tu­to, não é algo assim tão fora da cur­va, ines­pe­ra­do. É até com­pre­en­sí­vel, já que o Instituto aten­de a milhões de segu­ra­dos. Basta um per­cen­tu­al peque­no de situ­a­ções [em que o segu­ra­do dei­xa de movi­men­tar a con­ta] para que os valo­res se acu­mu­lem mês a mês, rapi­da­men­te”, pon­de­rou Hauschild.

Para regu­la­ri­zar sua situ­a­ção, o bene­fi­ciá­rio deve ligar para 135 (opções 6 e 1), a Central de Atendimento do Ministério da Previdência. Também é pos­sí­vel aces­sar o Meu INSS e soli­ci­tar o paga­men­to dos bene­fí­ci­os não rece­bi­dos. Além dis­so, o ins­ti­tu­to ori­en­ta os segu­ra­dos a sem­pre obser­va­rem as datas dos depó­si­tos e os pra­zos para sacar seus bene­fí­ci­os.

Fonte: Agência Brasil

SOBRE O AUTOR

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Odirley Deotty

Odirley Deotti é jornalista, escritor, designer gráfico e chefe de redação do Guia MS Notícias.

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