Pesquisa da FMUSP destaca que obesidade, inatividade física e depressão são os principais fatores de risco, com implicações para a saúde pública na região
Mais de 50% dos casos de demência na América Latina são evitáveis
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Uma nova pes­qui­sa da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) apon­ta que 54% dos casos de demên­cia na América Latina estão rela­ci­o­na­dos a fato­res de ris­co modi­fi­cá­veis, supe­ran­do a média mun­di­al de 40%. A urgên­cia de inter­ven­ções pre­ven­ti­vas é des­ta­ca­da, enfa­ti­zan­do a impor­tân­cia de pro­mo­ver mudan­ças no esti­lo de vida e garan­tir aces­so a tra­ta­men­tos médi­cos.

O estu­do, publi­ca­do na revis­ta The Lancet Global Health e lide­ra­do pela pro­fes­so­ra Claudia Kimie Suemoto, ana­li­sou dados de paí­ses como Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Honduras, México e Peru. A pes­qui­sa inves­ti­gou 12 fato­res de ris­co, incluin­do obe­si­da­de, ina­ti­vi­da­de físi­ca e depres­são, cole­tan­do amos­tras que vari­a­ram entre 5.995 e 107.907 par­ti­ci­pan­tes, a par­tir de 2015.

“Essa é a pri­mei­ra vez que uma região intei­ra tem um estu­do tão robus­to”, afir­ma Suemoto ao Jornal da USP . “Não exis­te nada pare­ci­do na Europa nem na Ásia, que tam­bém são con­jun­ções de paí­ses, como é a América Latina.”

Atualmente, 55 milhões de pes­so­as têm demên­cia no mun­do, com mais de 60% dos casos con­cen­tra­dos em paí­ses em desen­vol­vi­men­to, segun­do a Organização Mundial da Saúde (OMS). A pre­vi­são é de que esse núme­ro che­gue a mais de 150 milhões até 2050.

Os dados mos­tram que a demên­cia, que resul­ta de vári­as doen­ças e lesões cere­brais, é influ­en­ci­a­da por con­di­ções que podem ser alte­ra­das. A pes­qui­sa reve­la que a obe­si­da­de, a ina­ti­vi­da­de físi­ca e a depres­são são os prin­ci­pais fato­res de ris­co na região. “Esses são fato­res rela­ci­o­na­dos ao esti­lo de vida e a ideia da aná­li­se é iso­lar cada um para iden­ti­fi­car o poten­ci­al de pre­ven­ção de demên­cia”, expli­ca Claudia.

O estu­do tam­bém reve­la dis­pa­ri­da­des regi­o­nais. A pre­va­lên­cia de bai­xa esco­la­ri­da­de na Bolívia é alar­man­te, atin­gin­do 63,5%, enquan­to no Brasil é de 46,7%. A hiper­ten­são, que afe­ta 46,4% dos bra­si­lei­ros, con­tras­ta com ape­nas 3% na Bolívia. O con­su­mo exces­si­vo de álco­ol e a taxa de taba­gis­mo tam­bém vari­am entre os paí­ses.

A pro­fes­so­ra Suemoto des­ta­ca que “as demên­ci­as pos­su­em um poten­ci­al alto de pre­ven­ção”. Ela obser­va que polí­ti­cas públi­cas bem-suce­di­das no pas­sa­do redu­zi­ram a pre­va­lên­cia de alguns fato­res de ris­co, como a edu­ca­ção e o taba­gis­mo. O Ministério da Saúde do Brasil já está imple­men­tan­do cam­pa­nhas para aumen­tar a cons­ci­en­ti­za­ção sobre a demên­cia e suas pre­ven­ções.

Estimativas suge­rem que cer­ca de 2 milhões de bra­si­lei­ros vivem com demên­cia, mui­tos ain­da não diag­nos­ti­ca­dos, depen­den­do do Sistema Único de Saúde (SUS) para cui­da­dos.

Fonte: Jornal da USP

SOBRE O AUTOR

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Odirley Deotty

Odirley Deotti é jornalista, escritor, designer gráfico e chefe de redação do Guia MS Notícias.

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