Duas voltas ao redor da Lagoa. Céu cinza e muitos galhos caídos no chão, resultado do temporal do dia anterior. A água ainda muito baixa no Itatiaia e aos poucos, as crianças vão saindo de suas casas para tentar aproveitar um restinho da manhã antes que São Pedro resolva mandar mais água. Apesar desse aspecto cinzento, impossível que minha cabeça não criasse uma analogia tão forte com a minha própria vida e, por que não, com a vida de todo mundo.
Andando em círculos, Jeneci dizendo ao meu ouvido que o “A gente é feito pra acabar”. Na contramão, idosos, famílias, crianças e seus cães, tão livres, tão soltos de suas amarras. E eu nem estou falando as coleiras. Duas voltas em volta da Lagoa e um mar de possibilidades e lembranças e comparações. Mesmo quem anda na contramão tem lá sua graça, ou des (graça). Estamos todos indo e vindo e afinal de contas, como posso dizer que são eles a andar na contramão e não eu? E se não houvessem pessoas na contramão, como iríamos nos encontrar?
A vida é assim, a gente não para nunca, apesar das pausas. Estamos sempre indo a algum lugar, mesmo quando dormimos e caminhamos rumo aos nossos sonhos ou descanso sem cor, sem brilho. Algumas vezes caminhando, outras correndo muito, por vezes olhando para trás, mas tentando seguir em frente, sempre em frente, sempre em frente … “não temos tempo a perder, nosso suor sagrado é bem mais belo que esse sangue amargo”. Sempre em frente …