O quarto voo da FAB trouxe 211 brasileiros do Líbano, totalizando 885 repatriados na operação devido ao conflito com Hezbollah, promovida pelo governo Lula.
Quarto voo da FAB com 211 repatriados do Líbano chega a São Paulo
Quarto voo da FAB com 211 repatriados do Líbano chega a São Paulo

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O quar­to voo da Força Aérea Brasileira (FAB) que res­ga­tou bra­si­lei­ros do Líbano pou­sou às 07h11 des­te sába­do (12) na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos. O voo, que saiu de Lisboa, em Portugal, às 21h05 de ontem, trans­por­tou 211 pas­sa­gei­ros, entre eles, 12 cri­an­ças de colo. Desde o iní­cio da Operação Raízes de Cedro, 885 pes­so­as já foram repa­tri­a­das pelo gover­no bra­si­lei­ro.

A ação foi deter­mi­na­da pelo pre­si­den­te Luiz Inácio Lula da Silva a par­tir do acir­ra­men­to do con­fron­to entre Israel e o gru­po Hezbollah, que atua no Líbano. A logís­ti­ca de repa­tri­a­ção envol­ve o uso de aero­na­ves e de ser­vi­do­res da Força Aérea Brasileira e um inten­so tra­ba­lho de arti­cu­la­ção do Itamaraty. Segundo o gover­no fede­ral, a comu­ni­da­de bra­si­lei­ra no Líbano tem cer­ca de 20 mil pes­so­as, dos quais cer­ca de três mil mani­fes­ta­ram dese­jo de retor­nar ao Brasil.

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“Viver lá [no Líbano] era bem tran­qui­lo, mas tudo mudou. Fomos para apren­der­mos um pou­co mais de ára­be e acon­te­ceu o que acon­te­ceu e vol­ta­mos. Graças a Deus temos o Brasil para vol­tar”, acres­cen­tou ela, que apro­vei­tou a entre­vis­ta para agra­de­cer ao gover­no bra­si­lei­ro pelo retor­no segu­ro ao país.

“É difí­cil. Deixamos nos­sos paren­tes lá, que a gen­te ama. Deixamos ami­gos. É difí­cil expli­car a guer­ra. É algo mui­to gran­de para a gen­te”, lamen­ta Ola.

Acompanhado da espo­sa e de duas filhas que tinham ban­dei­ras do Brasil amar­ra­das ao cor­po, Hassal Ahmad, 46 anos, desem­bar­cou no Brasil na manhã de hoje após viver dez anos no Líbano.

“As bom­bas esta­vam bem per­to de nós. Você vive com mui­to estres­se, não sabía­mos a que horas uma bom­ba podia cair sobre nós. Caíram mui­tas casas, explo­di­ram mui­tas casas. Por isso vol­ta­mos ao Brasil. As meni­nas são bra­si­lei­ras”, con­ta ele. “Damos gra­ças a Deus e ao gover­no bra­si­lei­ro [por poder retor­nar]”.

Ahmad con­ta que foi pre­ci­so aban­do­nar tudo no Líbano para poder vol­tar ao Brasil. “Agora vou pre­ci­sar come­çar de novo aqui no Brasil”, dis­se ele.

Nazha Ibrambm, 65 anos, vol­tou ao Brasil com sua filha. Emocionada, ela rela­tou à Agência Brasil ter escu­ta­do os baru­lhos de bom­bas cain­do sobre a região, ten­do que se pro­te­ger na casa de vizi­nhos. “Estava moran­do lá há 10 anos, mas todos os dias eu fala­va: ‘um dia eu vol­to [para o Brasil]’. E ago­ra eu vol­tei. Eu espe­ro que Deus me aju­de para con­ti­nu­ar viven­do aqui e mor­rer aqui”.

Já a jovem Amal Khatib, 20 anos, retor­nou ao Brasil com o padras­to e a mãe. “No come­ço esta­va mui­to peri­go­so ficar lá. Tinha mui­tas bom­bas per­to da minha casa. Eu não con­se­guia dor­mir. Depois de um tem­po deu uma acal­ma­da, mas sem­pre vol­ta­va. Aí fomos para uma outra cida­de, que não era segu­ra, mas era mais segu­ra do que onde eu esta­va. E então deci­di­mos vol­tar ao Brasil, lon­ge de tudo isso, gra­ças a Deus”, rela­ta.

“Era hor­rí­vel. Parecia que a qual­quer hora eu pode­ria mor­rer. Era uma sen­sa­ção hor­rí­vel. Ninguém mere­ce pas­sar por isso. Estou mui­to feliz de ter vol­ta­do e de me sen­tir, prin­ci­pal­men­te, mais segu­ra. Eu já não esta­va mais aguen­tan­do [viver lá]”.

Voo

Segundo o major-avi­a­dor Rafael Oliveira Bertholdo, coman­dan­te da aero­na­ve, o voo de vol­ta ao Brasil foi tran­qui­lo. “Na par­te téc­ni­ca, foi um voo bem tran­qui­lo, com pou­ca nebu­lo­si­da­de e pou­cas nuvens. Quanto aos pas­sa­gei­ros, alguns tinham um sen­ti­men­to de gra­ti­dão e esta­vam feli­zes de terem saí­do da região de con­fli­to. Outros esta­vam um pou­co ner­vo­sos pela situ­a­ção que esta­vam pas­san­do. Mas de manei­ra geral, foi um voo mui­to sos­se­ga­do e mui­to cal­mo”.

Para o major, voos como esse são impor­tan­tes por­que mos­tram o papel do Brasil inter­na­ci­o­nal­men­te. “Acho impor­tan­te a ques­tão da empa­tia e da aju­da ao pró­xi­mo que o gover­no bra­si­lei­ro, por meio da Força Aérea, está pres­tan­do a todo cida­dão. Isso é o que impor­ta”, refor­çou. “Me sin­to feliz, hon­ra­do e gra­to [por par­ti­ci­par des­sa ope­ra­ção], com o sen­ti­men­to de ser útil para a nação e de ser um orgu­lho para a minha famí­lia”.

Um quin­to voo de repa­tri­a­ção saiu de São Paulo ain­da hoje com des­ti­no a Portugal. “São mais nove horas e meia de voo até che­gar­mos a Portugal nova­men­te, para então ter a tro­ca de tri­pu­la­ção e um novo voo para o Líbano”, expli­cou o major.

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