General e ex-ministro de Bolsonaro é suspeito de obstrução de Justiça e financiamento de ações golpistas
Veja quais são as provas que levaram à prisão de Braga Netto
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

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A pri­são do gene­ral Walter Braga Netto, decre­ta­da nes­te sába­do (14), está fun­da­men­ta­da em pro­vas que apon­tam seu envol­vi­men­to em obs­tru­ção de Justiça e ações rela­ci­o­na­das ao pla­ne­ja­men­to e finan­ci­a­men­to de um gol­pe de Estado. A deci­são, pro­fe­ri­da pelo minis­tro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), teve como base novos ele­men­tos apre­sen­ta­dos duran­te a audi­ên­cia do tenen­te-coro­nel Mauro Cid no últi­mo dia 21 de novem­bro.

Segundo as inves­ti­ga­ções, Braga Netto teria bus­ca­do aces­so a dados sigi­lo­sos da dela­ção de Mauro Cid, ex-aju­dan­te de ordens de Jair Bolsonaro, para “impe­dir ou emba­ra­çar as inves­ti­ga­ções em cur­so”. A Polícia Federal (PF) des­ta­cou, em rela­tó­rio, que o gene­ral teria atu­a­do para con­tro­lar infor­ma­ções e ali­nhar ver­sões entre os inves­ti­ga­dos, com­pro­me­ten­do a elu­ci­da­ção dos fatos apu­ra­dos.

Mensagens apa­ga­das e recu­pe­ra­das
A perí­cia rea­li­za­da no celu­lar do gene­ral Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, reve­lou uma inten­sa tro­ca de men­sa­gens apa­ga­das, pos­te­ri­or­men­te recu­pe­ra­das pela PF. Os diá­lo­gos tra­ta­vam, prin­ci­pal­men­te, do des­vio de joi­as por par­te de Jair Bolsonaro, ocor­ri­do em agos­to de 2023. Nessas men­sa­gens, Braga Netto foi iden­ti­fi­ca­do como “Walter BN” na agen­da do gene­ral Lourena Cid.

Outras pro­vas sur­gi­ram de con­ver­sas regis­tra­das em setem­bro, quan­do o gene­ral Mário Fernandes infor­mou que os pais de Mauro Cid havi­am pro­cu­ra­do Braga Netto e Augusto Heleno, afir­man­do que as infor­ma­ções divul­ga­das pela impren­sa sobre a dela­ção seri­am fal­sas.

Documentos na sede do PL
Na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília, a PF encon­trou um docu­men­to na mesa do coro­nel Flávio Peregrino, asses­sor dire­to de Braga Netto. A folha con­ti­nha per­gun­tas e res­pos­tas, atri­buí­das ao gene­ral e a Mauro Cid, res­pec­ti­va­men­te, como “O que foi dela­ta­do?” e “Nada. Eu não entra­va nas reu­niões. Só colo­ca­va o pes­so­al para den­tro.”

Mauro Cid negou ter escri­to as res­pos­tas e afir­mou, em depoi­men­to, que ten­ta­va evi­tar ques­ti­o­na­men­tos dire­tos sobre a dela­ção. O pró­prio pai de Mauro Cid con­fir­mou que foi pro­cu­ra­do por Braga Netto, segun­do depoi­men­tos pres­ta­dos à PF.

Operação “Punhal Verde e Amarelo“
As inves­ti­ga­ções apon­ta­ram tam­bém o finan­ci­a­men­to da ope­ra­ção “Punhal Verde e Amarelo”, pla­no gol­pis­ta ela­bo­ra­do por mili­ta­res para impe­dir a pos­se de Luiz Inácio Lula da Silva. De acor­do com a PF, Braga Netto for­ne­ceu recur­sos dire­ta­men­te ao major Rafael de Oliveira, em uma saco­la de vinho con­ten­do dinhei­ro em espé­cie, uti­li­za­do para a com­pra de celu­la­res e chips de comu­ni­ca­ção.

Além dis­so, Braga Netto teria desem­pe­nha­do um papel cen­tral no pla­ne­ja­men­to do gol­pe, que incluía ações ter­ro­ris­tas e o assas­si­na­to de lide­ran­ças polí­ti­cas, como Lula e Geraldo Alckmin, além da deten­ção e pos­sí­vel exe­cu­ção do minis­tro Alexandre de Moraes.

Planejamento estra­té­gi­co
O minis­tro Alexandre de Moraes des­ta­cou, em sua deci­são, que Braga Netto lide­rou reu­niões com mili­ta­res espe­ci­a­li­za­dos em for­ças espe­ci­ais, ocor­ri­das na casa do gene­ral em novem­bro de 2022. Esses encon­tros visa­vam orga­ni­zar ações de moni­to­ra­men­to con­tra auto­ri­da­des, refor­çan­do o papel de lide­ran­ça do gene­ral em ati­vi­da­des ilí­ci­tas.

Defesa do gene­ral
A defe­sa de Walter Braga Netto divul­gou nota nes­te sába­do, negan­do as acu­sa­ções de obs­tru­ção de Justiça e infor­man­do que irá se mani­fes­tar no pro­ces­so judi­ci­al.

Impacto das inves­ti­ga­ções
A ope­ra­ção “Contragolpe” trou­xe à tona ele­men­tos con­si­de­ra­dos gra­vís­si­mos, evi­den­ci­an­do a par­ti­ci­pa­ção de Braga Netto em ações gol­pis­tas e na ten­ta­ti­va de obs­tru­ção das inves­ti­ga­ções. O STF refor­çou a neces­si­da­de de medi­das cau­te­la­res para impe­dir que o gene­ral inter­fi­ra no cur­so das apu­ra­ções.

Fonte: Agência Brasil

SOBRE O AUTOR

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Odirley Deotty

Odirley Deotti é jornalista, escritor, designer gráfico e chefe de redação do Guia MS Notícias.

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