O Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS) determinou, por meio de uma liminar, a suspensão da convocação de 83 concursados aprovados para a Prefeitura de Anaurilândia, localizada a 377 km de Campo Grande. A decisão acatou uma denúncia que apontou irregularidades na nomeação, como o número excessivo de convocados em relação às vagas previstas no edital e o descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
De acordo com a liminar, assinada pelo conselheiro substituto Leandro Lobo Ribeiro Pimentel e publicada em edição extra do Diário Oficial, o edital de convocação datado de 22 de outubro teria ultrapassado o limite de vagas estabelecido originalmente no concurso. Além disso, as nomeações ocorreriam dentro dos 180 dias finais do mandato do prefeito Edson Takazono (PSDB), o que, segundo a LRF, inviabiliza a legalidade dos atos que aumentem despesas com pessoal neste período.
Impactos no orçamento e prazos questionados
Na decisão, Pimentel destacou que a continuidade das convocações poderia comprometer o orçamento da futura gestão. Outro ponto levantado foi o prazo inadequado para a apresentação dos documentos pelos candidatos, que teriam apenas um dia útil, enquanto o edital original previa 30 dias.
Com base na liminar, o prefeito Edson Takazono recebeu um prazo de cinco dias para comprovar o cumprimento da suspensão, sob pena de multa de 1.000 Uferms, equivalente a R$ 50.060. Além disso, foi solicitado que apresentasse a homologação do concurso e a estimativa de impacto financeiro. O prefeito eleito, Professor Rafael (PP), e o coordenador da transição administrativa, Paulo Macedo Silva, também foram intimados a garantir o cumprimento da decisão.
Prefeito promete recorrer à Justiça
Em resposta, Edson Takazono afirmou que recorrerá à Justiça para reverter a suspensão. O prefeito alegou que todas as etapas do concurso público, desde sua realização até as convocações, respeitaram os prazos estabelecidos pela LRF. Segundo ele, a Câmara Municipal teria demorado um ano e meio para autorizar o certame, o que atrasou o processo.
“Mandamos o projeto há mais de um ano, mas a Câmara só autorizou quando o prazo já estava apertado. Após a eleição, convoquei os aprovados. Tudo está dentro da lei”, afirmou Takazono. Ele também rebateu acusações de que a convocação seria uma tentativa de aumentar despesas, explicando que a substituição de contratados por concursados não elevaria os gastos municipais.
O prefeito ainda garantiu que a situação fiscal da Prefeitura de Anaurilândia é confortável, destacando que o município encerrará o ano com as contas em dia, incluindo o pagamento de uma dívida previdenciária de R$ 7,8 milhões. “Nosso caixa está equilibrado, e até autorizamos um abono de R$ 1.000 aos funcionários, mas a Câmara não votou o projeto”, disse.
Controvérsias sobre o número de vagas
Quanto à denúncia sobre o número de convocados, Takazono afirmou que há vagas disponíveis além das previstas no edital. Ele mencionou que apenas na área da educação existem 50 professores contratados temporariamente, enquanto a convocação contemplaria apenas 12 aprovados para essas funções.
“A situação está regular, e já recebemos diversas multas por contratações irregulares no passado. Com a convocação dos concursados, tudo ficará ajustado para a próxima gestão”, explicou o prefeito, que está em seu quinto mandato.
Com informações do TCE-MS