Exposição apresenta produções inovadoras de artistas e coletivos em conexão com questões sociais, utilizando arte digital e novas tecnologias
Mostra de arte digital e cinema discute direitos humanos no MIS
Foto: Divulgação

Clique e ouça a matéria

O Museu da Imagem e do Som (MIS), uni­da­de da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), está sedi­an­do a Mostra de Arte Digital (MADi), em par­ce­ria com a 14ª Mostra Cinema e Direitos Humanos, até esta sex­ta-fei­ra, 29 de novem­bro. A expo­si­ção reú­ne obras de 15 artis­tas e dois cole­ti­vos sob a cura­do­ria e coor­de­na­ção de Venise Paschoal de Melo, com pro­je­to expo­grá­fi­co de Julian Vargas Cubillos. A mos­tra traz uma sele­ção diver­si­fi­ca­da e ino­va­do­ra de tra­ba­lhos que dia­lo­gam dire­ta­men­te com ques­tões soci­ais, explo­ran­do a inte­gra­ção da arte com as tec­no­lo­gi­as digi­tais.

Participam da expo­si­ção artis­tas como Ágatha Scaff, Ana Júlia da Silva Oliveira, Christopher Santos Ferreira, Elian Carlos, Gabiru Correa, Istive Terena, Kamylla Moraes, Kelle Almeida, Letícia Maidana, Mayara Rocha, Emilly Coutinho, Karla Braud, Paola Cristina, Rafaela Lazzari, além do cole­ti­vo Terra Femini. Desde sua pri­mei­ra edi­ção, em 2018, a MADi tem como obje­ti­vo esti­mu­lar a pro­du­ção artís­ti­ca e pro­mo­ver a inte­gra­ção da arte com as novas tec­no­lo­gi­as, e nes­ta edi­ção, se pro­põe a esta­be­le­cer um diá­lo­go com os temas abor­da­dos na Mostra Cinema e Direitos Humanos.

As obras expos­tas têm como foco a arte como medi­a­do­ra soci­al, uti­li­zan­do lin­gua­gens que tran­si­tam entre a ino­va­ção tec­no­ló­gi­ca e as ques­tões soci­ais con­tem­po­râ­ne­as. Entre os des­ta­ques estão pro­du­ções em foto­per­for­man­ce e glit­ch arte, que são apli­ca­das dire­ta­men­te nas pare­des do MIS como lam­be-lam­bes, fazen­do refe­rên­cia às ocu­pa­ções urba­nas e ao seu papel como espa­ços de pro­tes­to e resis­tên­cia.

Além dis­so, a rea­li­da­de aumen­ta­da sur­ge como uma exten­são das pro­du­ções audi­o­vi­su­ais, pro­por­ci­o­nan­do novas for­mas de per­cep­ção das obras. As vide­o­per­for­man­ces, exi­bi­das em telas ou pro­je­ta­das em teci­dos trans­lú­ci­dos, explo­ram a ima­te­ri­a­li­da­de da luz e do movi­men­to, inte­gran­do os cor­pos aos dis­cur­sos soci­ais. Uma das ins­ta­la­ções mais impac­tan­tes é “Bonecas Marias”, que uti­li­za linhas sus­pen­sas para car­re­gar as vozes de um cole­ti­vo de mulhe­res, com­par­ti­lhan­do depoi­men­tos reais e emo­ci­o­nan­tes.

A cura­do­ra Venise Melo expli­ca que o con­cei­to de medi­a­ção, desen­vol­vi­do pelo pes­qui­sa­dor Raymond Williams nos Estudos Culturais, ins­pi­ra a mos­tra. A medi­a­ção, segun­do Williams, é um fenô­me­no loca­li­za­do nos diá­lo­gos entre soci­e­da­de e indi­ví­du­os, e a arte se con­fi­gu­ra como um meio de trans­for­mar a rea­li­da­de, tor­nan­do-se simul­ta­ne­a­men­te pro­du­to e pro­du­to­ra da soci­e­da­de. Para Venise, os artis­tas são sujei­tos-agen­tes que inter­fe­rem dire­ta­men­te no teci­do soci­al, e suas obras refle­tem um pro­ces­so con­tí­nuo de cons­tru­ção de alte­ri­da­des.

As pro­du­ções audi­o­vi­su­ais, foto­gra­fi­as e obje­tos apre­sen­ta­dos são, para os artis­tas, refle­xões das expe­ri­ên­ci­as vivi­das, que inte­gram a arte à vida coti­di­a­na. Venise des­ta­ca que as obras expos­tas não ape­nas apre­sen­tam mani­fes­ta­ções sub­je­ti­vas, mas tam­bém atu­am como for­mas de resis­tên­cia às opres­sões impos­tas por uma soci­e­da­de patri­ar­cal, colo­ni­al e capi­ta­lis­ta.

Serviço
MADi (Mostra de Arte Digital)
Data: até sex­ta-fei­ra, 29 de novem­bro de 2024
Horário: 7h30 às 21h
Local: MIS, no Memorial da Cultura e da Cidadania “Apolônio de Carvalho”, 3º andar – Av. Fernando Correa da Costa, 559, Centro — Campo Grande (MS)
Entrada: gra­tui­ta

SOBRE O AUTOR

Picture of Odirley Deotty

Odirley Deotty

Odirley Deotti é jornalista, escritor, designer gráfico e chefe de redação do Guia MS Notícias.

Que tal assinar nossa Newsletter e ficar por dentro das novidades?

LEIA