Medidas incluem perfuração de poços e fornecimento de água por caminhões-pipa até a conclusão das obras, previstas para março de 2025
Governo de MS define projeto e garante água a aldeias em Dourados
Foto: Ewerton Pereira

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O Governo de Mato Grosso do Sul anun­ci­ou nes­ta quin­ta-fei­ra (28) uma solu­ção emer­gen­ci­al para o pro­ble­ma de abas­te­ci­men­to de água na Reserva Indígena de Dourados (RID), que abran­ge as aldei­as Jaguapiru e Bororó. A medi­da foi defi­ni­da após uma reu­nião com lide­ran­ças indí­ge­nas e repre­sen­tan­tes dos gover­nos esta­du­al e fede­ral. As ações ime­di­a­tas inclu­em a per­fu­ra­ção de dois poços arte­si­a­nos e o for­ne­ci­men­to de água por cami­nhões-pipa, que deve­rão aten­der a mais de 20 mil indí­ge­nas até que as obras sejam con­cluí­das, em mar­ço de 2025.

A reu­nião foi con­du­zi­da pela titu­lar da Secretaria de Estado de Cidadania (SEC), Viviane Luiza, e con­tou com a par­ti­ci­pa­ção de repre­sen­tan­tes de diver­sos órgãos, como a Funai, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), o Ministério Público Federal (MPF), e a Força Nacional, entre outros. Durante cin­co horas de dis­cus­sões, foram acer­ta­dos os deta­lhes do ter­mo de com­pro­mis­so que esta­be­le­ce os pra­zos e res­pon­sa­bi­li­da­des para solu­ci­o­nar a escas­sez de água nas aldei­as.

O gover­na­dor Eduardo Riedel res­sal­tou que, embo­ra a res­pon­sa­bi­li­da­de pri­má­ria pelo abas­te­ci­men­to de água em ter­ri­tó­ri­os indí­ge­nas seja da União, o Estado de Mato Grosso do Sul tem se empe­nha­do em bus­car uma solu­ção ime­di­a­ta para garan­tir o bem-estar das comu­ni­da­des. “Os indí­ge­nas são cida­dãos sul-mato-gros­sen­ses. Não vamos dei­xar a comu­ni­da­de sem água”, afir­mou Riedel.

Ações emer­gen­ci­ais e inves­ti­men­tos

Com um inves­ti­men­to de R$ 490 mil, o Governo de MS se com­pro­me­teu a per­fu­rar dois poços arte­si­a­nos, um em cada aldeia. Os recur­sos inclu­em emen­da par­la­men­tar do depu­ta­do fede­ral Vander Loubet. Viviane Luiza, que acom­pa­nhou de per­to as nego­ci­a­ções, expli­cou que o pro­ces­so de per­fu­ra­ção exi­gi­rá um tem­po mai­or devi­do às exi­gên­ci­as legais, mas que a solu­ção emer­gen­ci­al dos cami­nhões-pipa garan­te o abas­te­ci­men­to até a con­clu­são das obras.

“Estamos tra­ba­lhan­do em par­ce­ria com o DSEI e a Sesai, que são res­pon­sá­veis pela exe­cu­ção dos poços, para garan­tir que a comu­ni­da­de não sofra com a fal­ta de água até que as obras sejam fina­li­za­das”, expli­cou a secre­tá­ria. Os poços deve­rão ser per­fu­ra­dos até 15 de mar­ço de 2025, e até lá, os cami­nhões-pipa garan­ti­rão o for­ne­ci­men­to diá­rio de água.

Governo de MS define projeto e garante água a aldeias em Dourados
Foto: Jaqueline Hahn Tente/Cidadania

Expectativa das lide­ran­ças indí­ge­nas

As lide­ran­ças das aldei­as Jaguapiru e Bororó mani­fes­ta­ram alí­vio com a defi­ni­ção do pla­no de ação. O caci­que da aldeia Jaguapiru, Ramão Fernandes, dis­se que a comu­ni­da­de esta­va ansi­o­sa por uma solu­ção e que ago­ra as expec­ta­ti­vas foram aten­di­das. “Era isso que a gen­te espe­ra­va, que eles vies­sem de lá com uma solu­ção defi­ni­da para a gen­te acei­tar”, afir­mou.

Reinaldo Arévalo, caci­que da aldeia Bororó, tam­bém se mos­trou satis­fei­to com o avan­ço nas nego­ci­a­ções. “Nós damos gra­ças a Deus que deu uma solu­ção assi­na­da pelos gover­nan­tes do Estado. A luta con­ti­nua, mas ago­ra temos algo con­cre­to para apre­sen­tar à nos­sa comu­ni­da­de”, decla­rou.

Apoio fede­ral e pers­pec­ti­vas futu­ras

O pro­cu­ra­dor do Ministério Público Federal (MPF), Marco Antônio Delfino de Almeida, des­ta­cou que a união das esfe­ras esta­du­al, muni­ci­pal e fede­ral foi fun­da­men­tal para encon­trar uma solu­ção para o pro­ble­ma da fal­ta de água. “Vejo com mui­to oti­mis­mo esse pas­so. A inte­gra­ção dos esfor­ços, soma­dos aos recur­sos que estão sen­do libe­ra­dos, vai ser um avan­ço rele­van­te para resol­ver essa ques­tão”, afir­mou Delfino.

Além das medi­das emer­gen­ci­ais do Governo de MS, o Governo Federal tam­bém assu­miu com­pro­mis­sos para melho­rar o abas­te­ci­men­to de água na reser­va. O Ministério dos Povos Indígenas e o Ministério da Saúde, por meio da Sesai, se com­pro­me­te­ram a libe­rar R$ 2 milhões para a per­fu­ra­ção de mais qua­tro poços na região. Além dis­so, serão dis­tri­buí­das 100 cai­xas d’água entre as aldei­as Jaguapiru e Bororó, e um estu­do será rea­li­za­do para via­bi­li­zar uma solu­ção estru­tu­ral de lon­go pra­zo.

Monitoramento e acom­pa­nha­men­to

Uma comis­são com­pos­ta por repre­sen­tan­tes da Funai, lide­ran­ças indí­ge­nas e outros envol­vi­dos acom­pa­nha­rá de per­to a exe­cu­ção das medi­das acor­da­das. A comis­são será res­pon­sá­vel por rea­li­zar reu­niões men­sais para garan­tir que os pra­zos sejam cum­pri­dos e para infor­mar sobre even­tu­ais pro­ble­mas que pos­sam sur­gir duran­te o pro­ces­so.

A reso­lu­ção do pro­ble­ma hídri­co na Reserva Indígena de Dourados envol­ve a cola­bo­ra­ção entre as esfe­ras de gover­no e as comu­ni­da­des locais. Com o com­pro­me­ti­men­to das par­tes envol­vi­das, espe­ra-se que a situ­a­ção se nor­ma­li­ze nos pró­xi­mos meses, asse­gu­ran­do água potá­vel para a popu­la­ção indí­ge­na da região de for­ma regu­lar e sus­ten­tá­vel.

SOBRE O AUTOR

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Odirley Deotty

Odirley Deotti é jornalista, escritor, designer gráfico e chefe de redação do Guia MS Notícias.

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