A Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems) manifestou preocupação com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que elevou a taxa básica de juros (Selic) em 1,0%. Para a entidade, a medida é inadequada diante do atual cenário de desaceleração econômica do Brasil e pode gerar efeitos negativos em diversos setores estratégicos.
Sérgio Longen, presidente da Fiems, destacou que a alta da Selic compromete os investimentos no agronegócio, no comércio e na indústria, além de aumentar os custos financeiros das empresas. “A elevada taxa de juros afeta diretamente os investimentos nos principais setores econômicos. Além disso, impacta o passivo das empresas, aumentando significativamente os custos financeiros e dificultando a competitividade dos negócios”, afirmou.
Longen apontou que o ciclo de juros altos está relacionado ao descontrole das despesas públicas, que pressionam a inflação. “Os juros estão altos porque a inflação pressiona para cima. E por que a inflação está elevada? Porque o governo não consegue conter suas despesas. Sem esse controle, ele recorre ao mercado, onde o dinheiro é escasso, pagando mais caro para captar recursos. Isso pressiona ainda mais os juros e dispara o dólar”, explicou.
O impacto da valorização do dólar também foi destacado. “Com o dólar elevado, as matérias-primas importadas – amplamente utilizadas no Brasil devido ao custo elevado da produção nacional – ficam ainda mais caras. Isso cria um ciclo vicioso de juros altos, dólar elevado e inflação pressionada, que compromete tanto a produção quanto o consumo no país”, afirmou o presidente.
A Fiems alerta que as previsões econômicas para 2025 podem agravar o cenário. De acordo com o Boletim Focus, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer apenas 2,0% no próximo ano, frente aos 3,4% projetados para 2024. Esse desaquecimento, aliado à elevação da Selic e ao menor estímulo fiscal, pode aprofundar a crise econômica e impactar diretamente o setor produtivo.
“Acreditamos que é necessário pressionar o Congresso Nacional para conter a política de gastos do Governo Federal. Caso contrário, enfrentaremos um cenário preocupante em 2025, com disparada do dólar, inflação alta, juros elevados e dificuldade para setores que já tomaram recursos com juros flutuantes. Além disso, há distorções no mercado de trabalho, com empresas enfrentando dificuldades para contratar devido aos benefícios sociais. É preciso atenção para que não haja uma quebradeira generalizada”, finalizou Longen.