A decisão de enviar uma comitiva de senadores aos Estados Unidos para tratar da tarifa de 50% imposta pelo ex-presidente Donald Trump a produtos brasileiros gerou reação imediata do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Segundo ele, a missão, que inclui os senadores sul-mato-grossenses Nelsinho Trad (PSD) e Tereza Cristina (PP), carece de legitimidade e não representa a posição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A viagem está prevista para ocorrer entre os dias 29 e 31 de julho, durante o recesso parlamentar. A agenda, confirmada pela Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, prevê encontros com parlamentares e empresários norte-americanos em Washington. O objetivo oficial da missão é buscar soluções diplomáticas para reverter a medida de Trump, considerada prejudicial ao agronegócio e à indústria brasileira.
Críticas e acusações
Eduardo Bolsonaro, que é membro da base bolsonarista mais próxima do ex-presidente, classificou a iniciativa como um gesto simbólico e ineficaz. Em nota pública, o deputado disse que a comitiva “não representa Jair Bolsonaro” e que o grupo ignora os termos de uma carta enviada por Trump ao Brasil. De acordo com Eduardo, o ex-presidente norte-americano teria condicionado qualquer tipo de aproximação ao restabelecimento da liberdade de expressão e ao fim de perseguições políticas no país.
“Buscar interlocução sem que o país tenha feito sequer o gesto mínimo de retomar suas liberdades fundamentais […] é vazio de legitimidade”, escreveu o deputado.
Além de questionar o mérito da viagem, Eduardo atacou a composição da comitiva, destacando a presença de senadores alinhados ao governo Lula. Para ele, é “constrangedor” que aliados de um presidente que, segundo afirma, adota postura hostil aos Estados Unidos, liderem as tratativas internacionais.
“Confesso até simpatizar com a ideia de que venham, não por acreditar que terão sucesso, mas porque poderão constatar aquilo que eu e Paulo Figueiredo temos dito: não há sequer início de discussão sem anistia ampla, geral e irrestrita!”, ironizou.
Quem vai aos Estados Unidos
A delegação brasileira será liderada por Nelsinho Trad, presidente da CRE, e contará com nomes de diferentes partidos e espectros políticos. Estão confirmados os senadores Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado; Astronauta Marcos Pontes (PL-SP); Esperidião Amin (PP-SC); Rogério Carvalho (PT-SE); Fernando Farias (MDB-AL); Carlos Viana (Podemos-MG); e Tereza Cristina (PP-MS), que já foi ministra da Agricultura no governo Bolsonaro.
Embora a viagem tenha como foco o comércio exterior, o pano de fundo político e as divisões ideológicas no Brasil ganharam destaque com as críticas públicas de Eduardo Bolsonaro. A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros foi reativada por Trump em sua nova campanha à presidência dos EUA e gerou preocupações especialmente no setor agroexportador, com forte base eleitoral no Centro-Oeste.
A missão do Senado busca apresentar argumentos técnicos e diplomáticos para convencer autoridades americanas a reavaliar a medida. No entanto, a polarização política interna pode interferir no peso e na recepção das propostas levadas pelo grupo.
















