Amigos leitores, mais uma vez estamos aqui para falar daquilo que mais gostamos. Sim, é de HQs! E umas das coisas que você pode se perguntar é há quanto tempo a humanidade começou a fazer histórias através de desenhos? Há quanto tempo o homem buscou esta forma de comunicação e como ela se perpetuou pelos quatro cantos da Terra? Pois é, isso tudo foi estudado e não é à toa que ela é chamada de a Nona arte! Nós nos diferenciamos dos outros animais principalmente porque temos a capacidade de nos comunicar e reter informação de maneira estruturada. Há diferentes formas de linguagem e a que vemos aqui é a Narrativa Gráfica.
Aproximadamente cinco mil anos atrás, a humanidade criou seu primeiro método fonético, a escrita cuneiforme (feito por meio de cunhas). Na Mesopotâmia, os sumérios se utilizaram dela para se comunicar e a reter informação como forma de registro. Em seguida vieram os Fenícios, que viviam na região atual do Líbano e Síria. Eles criaram o primeiro alfabeto, que foi adotado por outros povos, tais como os gregos, os etruscos e romanos.
E as histórias em quadrinhos, qual seria o primeiro registro dela? Segundo os estudiosos, a primeira noção de se contar histórias com desenhos foi feita pelos homens das cavernas, que com seus desenhos rupestres registraram seu cotidiano, suas caçadas, seus medos e suas vivências. Podemos citar que o desenho mais antigo, que representava uma história narrativa através de imagens, data de 51.200 anos atrás, encontrado na ilha de Sulawesi, na Indonésia. O que já demonstrava a capacidade criativa do ser humano. Também no Brasil temos estes registros como a arte rupestre no Parque Nacional da Serra da Capivara.
No Egito, com toda sua aura de mistério e aventura, foi encontrado um livro que guiava as almas pelo além, com mais de 4 mil anos. Era um verdadeiro manual de instruções ilustrado de como chegar em “Rostau”, o reino do deus Osíris. Não era um livro de fato, pois todo seu conteúdo foi registrado na parede de uma tumba, mas consideramos que foi também uma história ilustrada.
Entramos na Idade Média, com seus livros escritos e desenhados de maneira artesanal, mostrando principalmente como era seu modo de vida e como isso foi se modernizando com o tempo. Escritas de origem clássica, religiosa e aquelas que retratavam a nobreza e os reis da época. Até hoje esses livros encantam por seu trabalho artístico e erudito. Na época, também utilizavam os desenhos como complementação da escrita. Citamos o livro de Kell, ou o “Grande Evangeliário de São Columba”, feito por monges celtas em aproximadamente 800 D.C. Um livro que alcançou o estado da arte, mesclando desenhos e palavras, com todas as limitações da época para produzi-lo.
Temos um vínculo muito forte, através dos tempos, em contar histórias e demonstrá-las em palavras e desenhos. Faz parte de nossa aprendizagem, de nossa educação; nos aprimorar, reconhecer nosso passado, planejar o futuro, nos divertir. Tudo isso faz parte da nossa dimensão humana. Vendo a construção de nossa história sobre a narrativa gráfica, chegamos finalmente na primeira revista de histórias em quadrinhos como a conhecemos hoje: “The Yellow Kid”, ou O Menino Amarelo, do americano Richard Outcault, publicado na revista “Truth” em 1895, que contava a história de um menino que vivia em um gueto de Nova Iorque. A publicação tinha o objetivo de divertir, ao mesmo tempo que levantava de maneira crítica questões sociais e raciais.
Aqui no Brasil iniciamos a publicação de histórias narradas com desenhos desde 1860. O pioneiro nas ilustrações em jornal foi Angelo Agostini que começou a publicar histórias de personagens de cunho popular, utilizando-se de sátira política e social. Entre eles estava Nhô Quim, a primeira HQ produzida (1869) e Zé Caipora (1883). Não é à toa que possuímos um prêmio em quadrinhos com o seu nome; o Troféu Angelo Agostini, uma premiação brasileira dedicada aos quadrinhos nacionais.
Tudo isso é só um pouquinho de história referente as HQs e como a construção delas foi surgindo ao longo das eras. Muita coisa ficou para ser mostrada, mas o interessante é saber que temos um vínculo muito forte com elas. Em como a linguagem direta do desenho auxilia na familiaridade e identificação do leitor com a leitura. Quadrinhos é e sempre será parte fundamental na construção da nossa educação e de como isso é importante para nos transformarmos em pessoas com mais conhecimento, mais criticidade e também mais conectadas com o mundo.
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