O avanço dos medicamentos para obesidade tem chamado atenção da comunidade médica e do público em geral. No entanto, um novo estudo publicado na renomada revista científica Nature Medicine traz um importante contraponto: os desfechos de longo prazo obtidos com a cirurgia metabólica são significativamente superiores aos alcançados com o uso de agonistas de GLP-1 em pessoas com obesidade e diabetes tipo 2.
O médico especialista em cirurgia bariátrica, Dr. Wilson Cantero, destaca que o entusiasmo com os novos medicamentos não deve ofuscar a importância da cirurgia como ferramenta terapêutica eficaz e duradoura.
“Os resultados publicados na Nature Medicine são impressionantes e reforçam algo que nós, cirurgiões bariátricos, já acompanhamos na prática: a cirurgia metabólica não é apenas uma ferramenta para perda de peso, mas um tratamento que salva vidas e reduz complicações graves associadas à obesidade”, afirma o especialista.
O estudo, conduzido por Hamlet Gasoyan e colegas da Cleveland Clinic, analisou 1.657 pacientes submetidos à cirurgia metabólica e comparou seus resultados aos de 2.275 pacientes tratados apenas com agonistas de GLP-1, sem cirurgia. Utilizando metodologia robusta, os pesquisadores observaram redução de um terço nas taxas de mortalidade, além de quedas expressivas nos casos de infarto, insuficiência cardíaca e AVC. Doenças como nefropatia e retinopatia também foram reduzidas pela metade.
Apesar dos resultados consistentes, os autores reconhecem limitações: trata-se de um estudo observacional e, em sua maioria, os dados se referem a uma fase inicial da adoção dos medicamentos mais modernos, como semaglutida e tirzepatida. Ainda assim, o impacto positivo da cirurgia é inegável.
“Esses achados reforçam que a cirurgia deve permanecer como uma opção de tratamento importante e eficaz para obesidade e diabetes”, explica Dr. Cantero. “É preciso abandonar a ideia de que cirurgia e medicamentos são escolhas excludentes. Na verdade, ambos podem, e devem, ser integrados de forma estratégica no cuidado contínuo do paciente.”
A publicação também destaca a fala do autor sênior do estudo, Ali Aminian, lembrando que “os benefícios de longo prazo da cirurgia metabólica são mais difíceis de alcançar apenas com medicamentos, já que muitos pacientes interrompem o uso com o passar do tempo”.
Para o Dr. Cantero, a obesidade deve ser tratada como o que realmente é: uma doença crônica e complexa, que requer atenção multidisciplinar e acompanhamento contínuo.
“O tratamento da obesidade não se resume à perda de peso. Envolve equilíbrio metabólico, saúde cardiovascular e qualidade de vida. Precisamos de todas as ferramentas, medicamentos, cirurgia e suporte clínico trabalhando juntas para alcançar os melhores resultados possíveis”, conclui.
Sobre o Dr. Wilson Cantero
Especialista em cirurgia bariátrica e metabólica, o Dr. Wilson Cantero é referência em procedimentos voltados ao tratamento da obesidade e doenças associadas. Com sólida formação e atuação ética, seu trabalho é reconhecido por promover saúde e transformação de vidas, sempre baseado em evidências científicas e cuidado humanizado.