Nova alíquota de 28,55% supera a da Hungria e inclui benefícios fiscais para setores específicos
Brasil terá maior alíquota de IVA do mundo após reforma tributária
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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O Brasil terá a mai­or alí­quo­ta de Imposto sobre Valor Agregado (IVA) do mun­do após a apro­va­ção da refor­ma tri­bu­tá­ria pelo Senado, na últi­ma quin­ta-fei­ra (12). A alí­quo­ta padrão do novo sis­te­ma tri­bu­tá­rio foi fixa­da em 28,55%, supe­ran­do a Hungria, que atu­al­men­te lide­ra o ran­king glo­bal com 27%. O tex­to da refor­ma ain­da retor­na­rá à Câmara dos Deputados para aná­li­se final.

Concessões elevaram a alíquota

As alte­ra­ções rea­li­za­das no Senado, incluin­do bene­fí­ci­os fis­cais para seto­res como sane­a­men­to, medi­ca­men­tos onco­ló­gi­cos e fral­das, con­tri­buí­ram para o aumen­to de 0,58 pon­to per­cen­tu­al na alí­quo­ta ini­ci­al­men­te pre­vis­ta, que era de 27,97%. De acor­do com o rela­tor da refor­ma no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), o cál­cu­lo de 28,55% é pre­li­mi­nar, aguar­dan­do con­fir­ma­ção pelo Ministério da Fazenda.

“O gover­no está satis­fei­to com a apro­va­ção do PLP 68, mas pre­fe­ri­ria que hou­ves­se menos exce­ções, algo que faz par­te da cons­tru­ção polí­ti­ca”, decla­rou Bernard Appy, secre­tá­rio extra­or­di­ná­rio da Reforma Tributária, após a vota­ção.

Setores contemplados

Além do setor de sane­a­men­to, outros seg­men­tos rece­be­ram alí­quo­tas redu­zi­das, como ser­vi­ços fune­rá­ri­os, medi­ca­men­tos para doen­ças raras, remé­di­os de mani­pu­la­ção e alu­guéis. Também foram ampli­a­dos os bene­fí­ci­os de cash­back, a devo­lu­ção par­ci­al de tri­bu­tos para famí­li­as de bai­xa ren­da, e des­con­tos para o setor imo­bi­liá­rio.

Essas con­ces­sões, porém, gera­ram o aumen­to das alí­quo­tas pagas pelos demais seto­res para man­ter a arre­ca­da­ção total equi­va­len­te a 12,45% do PIB, sem aumen­tar a car­ga tri­bu­tá­ria geral.

Impactos na arrecadação e combate à sonegação

Braga argu­men­ta que a alí­quo­ta efe­ti­va pode­rá ser menor do que a esti­ma­da atu­al­men­te. Segundo ele, o novo sis­te­ma tri­bu­tá­rio redu­zi­rá a sone­ga­ção de impos­tos de for­ma expres­si­va, o que deve­rá com­pen­sar os cus­tos das exce­ções tri­bu­tá­ri­as.

“Eu estou con­ven­ci­do de que as alí­quo­tas pro­va­rão que nós tere­mos uma alí­quo­ta-padrão menor do que esta­mos ima­gi­nan­do”, afir­mou o sena­dor. Ele des­ta­cou a impor­tân­cia da tec­no­lo­gia, como as notas fis­cais ele­trô­ni­cas, na redu­ção de frau­des e na ampli­a­ção da arre­ca­da­ção gover­na­men­tal.

Revisões futuras e prazo para ajustes

O tex­to da refor­ma pre­vê que a alí­quo­ta padrão deve­rá vigo­rar até 2031, quan­do pas­sa­rá para 26,5%. Caso isso não ocor­ra, o gover­no será obri­ga­do a envi­ar ao Congresso, até mar­ço de 2031, um pro­je­to de lei com­ple­men­tar para redu­zir incen­ti­vos fis­cais que este­jam man­ten­do a alí­quo­ta aci­ma do limi­te esta­be­le­ci­do.

A medi­da faz par­te de uma estra­té­gia para limi­tar a car­ga tri­bu­tá­ria e revi­sar peri­o­di­ca­men­te os bene­fí­ci­os fis­cais. A pri­mei­ra ava­li­a­ção quin­que­nal dos incen­ti­vos está pre­vis­ta para 2031, com base nos dados de 2030.

Reforma ainda não é definitiva

Apesar de ser con­si­de­ra­da uma trans­for­ma­ção estru­tu­ral, a refor­ma tri­bu­tá­ria será revi­sa­da peri­o­di­ca­men­te, como res­sal­ta­do por Eduardo Braga: “Esta não é a refor­ma defi­ni­ti­va. Teremos, peri­o­di­ca­men­te, revi­sões sobre esse tex­to para aper­fei­çoá-lo e melho­rá-lo.”

Fonte: Agência Brasil

SOBRE O AUTOR

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Odirley Deotty

Odirley Deotti é jornalista, escritor, designer gráfico e chefe de redação do Guia MS Notícias.

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