Nesta quarta-feira (06), a Câmara Municipal de Campo Grande foi palco de um momento histórico e sensível: a audiência pública que discutiu as perspectivas e os desafios da inserção da mãe atípica no mercado de trabalho. O encontro marcou um importante avanço na luta pela inclusão e valorização dessas mulheres, que diariamente enfrentam jornadas exaustivas de cuidados, muitas vezes sozinhas, e com pouca ou nenhuma rede de apoio.
A audiência foi uma proposição do vereador Professor Juari, a partir de uma demanda apresentada pelo podcast “Diário da Mãe Atípica”, criado pela jornalista e mãe atípica Karen Andrielly, que tem mobilizado vozes e histórias em torno da maternidade atípica e das urgências que atravessam essa realidade.
Dados levantados mostram que 70% das mulheres nessa condição acabam saindo do mercado de trabalho, em razão da sobrecarga com os cuidados dos filhos com deficiência e da ausência de políticas públicas que ofereçam suporte adequado. Isso representa não apenas uma perda de renda, mas também de autonomia, de identidade e de qualidade de vida para milhares de famílias.
Durante o encontro, foram apresentados encaminhamentos concretos, como a criação de um selo de incentivo para empresas privadas que contratarem mães atípicas; propostas para políticas públicas de inclusão e incentivo fiscal; a sugestão de criação de cotas para mães atípicas em concursos públicos e instituições de ensino superior.
Em um dos momentos mais emocionantes da audiência, Karen Andrielly trouxe um apelo carregado de verdade e urgência: “Precisamos falar de inclusão social em todos os aspectos. Essas mães precisam de autonomia financeira. Não queremos viver de benefícios, queremos ter qualidade de vida para oferecer tratamento digno aos nossos filhos e também para cuidar da nossa própria saúde mental e emocional. Essa mãe quer ser vista, quer trabalhar no lugar que ela escolher. Porque em qualquer lugar que ela estiver, ela será uma excelente profissional.”

A audiência foi mais do que um debate foi um espaço de escuta, reconhecimento e mobilização. Cada fala ecoou a necessidade de enxergar a mãe atípica não como alguém que precisa ser assistida, mas como uma mulher que merece oportunidade, respeito e dignidade.
Esse é apenas o começo de um novo caminho que está sendo traçado. Um caminho onde políticas públicas precisam caminhar lado a lado com o acolhimento e a escuta ativa. Onde a inclusão não seja apenas uma pauta, mas uma prática.
















