Legado da escultora de Campo Grande continua a ser referência na cultura sul-mato-grossense
40 anos sem Conceição dos Bugres: arte que resiste e inspira gerações
Foto: Divulgação

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Em 13 de dezem­bro de 2024, Campo Grande e Mato Grosso do Sul lem­bram com orgu­lho o lega­do imor­tal de Conceição dos Bugres, 40 anos após sua mor­te. A artis­ta, nas­ci­da em 1914 em Santiago (RS) e fale­ci­da em Campo Grande (MS) em 1984, é um íco­ne da arte sul-mato-gros­sen­se e bra­si­lei­ra. Seus bugres, peque­nas figu­ras escul­pi­das com pro­fun­da cone­xão com a ter­ra e a cul­tu­ra regi­o­nal, se tor­na­ram sím­bo­los de resis­tên­cia e iden­ti­da­de.

A jor­na­da de Conceição é mar­ca­da pela geni­a­li­da­de sim­ples de uma mulher auto­di­da­ta. O músi­co e jor­na­lis­ta Rodrigo Teixeira, no livro Vozes do Artesanato (FCMS/2011), lem­bra que o artis­ta plás­ti­co Humberto Espíndola e a crí­ti­ca de arte Aline Figueiredo foram os pri­mei­ros a acre­di­tar no poten­ci­al da artis­ta, orga­ni­zan­do suas pri­mei­ras expo­si­ções na déca­da de 1970. Esses bugres, que come­ça­ram como figu­ras de madei­ra ins­pi­ra­das em sua obser­va­ção da natu­re­za, foram mol­da­dos e admi­ra­dos por mui­tos, mas Conceição jamais ima­gi­na­ria que seus tra­ba­lhos se tor­na­ri­am par­te do patrimô­nio cul­tu­ral e seri­am usa­dos em publi­ci­da­des e estam­pas.

A his­tó­ria de sua cri­a­ção é envol­ta em mis­ti­cis­mo. Aline Figueiredo, em sua obra Artes Plásticas no Centro-Oeste (1979), des­cre­ve a ori­gem do bugre: “Um dia, me pus sen­ta­da embai­xo de uma árvo­re. Perto de mim tinha uma cepa de man­di­o­ca, que tinha cara de gen­te… Gostei mui­to e pas­sei para a madei­ra.”

Durante os anos de sua pro­du­ção, a deman­da pelos bugres de Conceição cres­ceu sig­ni­fi­ca­ti­va­men­te. Mesmo com a gran­de pro­cu­ra, ela seguiu com uma vida sim­ples, sem­pre pri­o­ri­zan­do o sus­ten­to da famí­lia, sem ima­gi­nar que sua obra trans­cen­des­se as déca­das.

40 anos sem Conceição dos Bugres: arte que resiste e inspira gerações
Foto: Daniel Reino

Hoje, Mariano Antunes Cabral Silva, neto de Conceição, é o úni­co res­pon­sá­vel por con­ti­nu­ar essa arte, trans­mi­tin­do o lega­do da avó para as novas gera­ções. Desde cri­an­ça, Mariano acom­pa­nha­va a avó e apren­deu a fazer os bugres com a mes­ma dedi­ca­ção que ela, que lhe dizia: “Você vai ter que con­ti­nu­ar isso daí”. Aos 58 anos, ele man­tém viva a tra­di­ção, pro­du­zin­do e ven­den­do seus bugres e ofe­re­cen­do ofi­ci­nas, além de espa­lhar a arte da famí­lia pelo mun­do.

“Artesanato é uma bên­ção”, afir­ma Mariano. “Só faço quan­do estou ins­pi­ra­do. Se Deus qui­ser, vou fazer isso pro res­to da vida.”

40 anos sem Conceição dos Bugres: arte que resiste e inspira gerações
Foto: Reprodução/Web

A his­tó­ria de Conceição dos Bugres é mais do que uma memó­ria cul­tu­ral, é uma cha­ma que con­ti­nua a acen­der o espí­ri­to artís­ti­co de Mato Grosso do Sul. Em cada bugre, uma his­tó­ria de resis­tên­cia, arte e iden­ti­da­de, trans­mi­ti­da de gera­ção em gera­ção.

Com infor­ma­ções do Governo de MS

SOBRE O AUTOR

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Odirley Deotty

Odirley Deotti é jornalista, escritor, designer gráfico e chefe de redação do Guia MS Notícias.

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