Pesquisa revela impacto da desinformação sobre imunização em gestantes brasileiras
Quatro em cada dez gestantes desconhecem calendário vacinal
Foto: Fotorech/Pixabay

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Uma pes­qui­sa enco­men­da­da pela Pfizer ao Instituto Idec reve­lou que 40% das ges­tan­tes des­co­nhe­cem o calen­dá­rio vaci­nal espe­cí­fi­co para a gra­vi­dez. O levan­ta­men­to tam­bém des­ta­cou que seis em cada dez acre­di­tam que as vaci­nas pro­te­gem ape­nas as mães, igno­ran­do os bene­fí­ci­os trans­mi­ti­dos aos bebês.

Além dis­so, 11% das ges­tan­tes de clas­ses A e B rela­ta­ram ter rece­bi­do reco­men­da­ções de seus médi­cos para evi­tar imu­ni­za­ções duran­te a gra­vi­dez. Esse cená­rio é agra­va­do pelo fato de que 11% dos pro­fis­si­o­nais de pré-natal não dis­cu­tem vaci­na­ção com suas paci­en­tes.

No entan­to, o estu­do reve­lou um dado posi­ti­vo: entre as ges­tan­tes que rece­be­ram reco­men­da­ções médi­cas, 96% segui­ram as ori­en­ta­ções e se vaci­na­ram. Por outro lado, mitos peri­go­sos ain­da per­sis­tem. Cerca de 10% das entre­vis­ta­das acre­di­tam, erro­ne­a­men­te, que as vaci­nas podem cau­sar autis­mo, enquan­to 14% temem alte­ra­ções gené­ti­cas nos fetos, ambos refu­ta­dos pela ciên­cia.

Vacinas no pré-natal

O calen­dá­rio vaci­nal para ges­tan­tes no Brasil inclui cin­co imu­ni­zan­tes, dis­po­ní­veis no SUS. A vaci­na trí­pli­ce bac­te­ri­a­na ace­lu­lar do tipo adul­to (DTPa) é essen­ci­al em todas as ges­ta­ções, pro­te­gen­do con­tra dif­te­ria, téta­no e coque­lu­che, além de trans­fe­rir anti­cor­pos ao bebê. Outras vaci­nas reco­men­da­das inclu­em imu­ni­za­ções con­tra hepa­ti­te B, gri­pe e COVID-19, além de refor­ços para dif­te­ria e téta­no em casos neces­sá­ri­os.

“A gran­de difi­cul­da­de é alcan­çar médi­cos que ain­da não com­pre­en­dem a impor­tân­cia da vaci­na­ção no pré-natal”, des­ta­ca Melissa Palmieri, vice-pre­si­den­te da Sociedade Brasileira de Imunizações. Ela refor­ça a neces­si­da­de de enga­ja­men­to con­tí­nuo na for­ma­ção de gine­co­lo­gis­tas, médi­cos de famí­lia e pedi­a­tras.

Vírus sincicial respiratório (VSR)

Outro pon­to abor­da­do pela pes­qui­sa foi o VSR, prin­ci­pal cau­sa­dor de bron­qui­o­li­te em bebês. Apesar de 94% das ges­tan­tes reco­nhe­ce­rem a doen­ça, ape­nas 22% sabem que ela é cau­sa­da por um vírus. Dados da Fiocruz mos­tram que o VSR pro­vo­cou 26 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave em 2023, com 4 mil regis­tros a mais que no ano ante­ri­or.

Embora duas vaci­nas con­tra o VSR este­jam dis­po­ní­veis na rede pri­va­da — Arexvy (GSK) e Abrysvo (Pfizer) —, elas ain­da não inte­gram o Programa Nacional de Imunizações.

SOBRE O AUTOR

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Odirley Deotty

Odirley Deotti é jornalista, escritor, designer gráfico e chefe de redação do Guia MS Notícias.

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